O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) elevou significativamente as penas de quatro réus condenados por envolvimento na execução de Marcel Costa Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, morto a tiros em uma cachaçaria de Campo Grande. A decisão da 2ª Câmara Criminal atendeu a um recurso apresentado pelo Ministério Público Estadual, que alegou que as sentenças anteriores não refletiam a gravidade das condutas.
A vítima, morta em crime executado por pistoleiros ligados a uma organização criminosa armada, foi assassinada por conta de uma antiga desavença pessoal com o mandante, ocorrida anos antes em uma boate da capital. A investigação integra os desdobramentos da Operação Omertà, deflagrada em 2019 para desmontar uma estrutura de milícia urbana envolvida em pistolagem, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e jogo do bicho.
Penas aumentadas
O principal condenado, Jamil Name Filho, conhecido como “Jamilzinho”, apontado como o mandante do assassinato, teve a pena ampliada de 15 anos para 21 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado. Segundo o TJMS, ele deu a ordem para a execução como parte da dinâmica de atuação do grupo criminoso.
Já Marcelo Rios, ex-integrante da Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande e considerado o elo entre o mandante e os autores do crime, teve a mesma pena: 21 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão. Ele foi responsável por articular os detalhes da execução.
Everaldo Monteiro de Assis, conhecido como “Jabá” e agente da Polícia Federal à época, viu sua pena subir de 8 anos e 4 meses para 16 anos e 6 meses. A Justiça entendeu que ele usou sua função para acessar e repassar dados sigilosos ao grupo. A perda do cargo foi confirmada, e o tribunal determinou sua prisão imediata.
O quarto réu, Rafael Antunes Vieira, também ex-guarda civil metropolitano, foi condenado por ocultar uma arma de fogo usada no crime. Sua pena foi ajustada de 2 anos e 6 meses para 2 anos e 3 meses, a ser cumprida em regime aberto.
Execução imediata das penas
Com a decisão, o Tribunal de Justiça determinou que todos os condenados comecem a cumprir suas penas imediatamente, com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite a execução provisória das sentenças proferidas pelo Tribunal do Júri.
Segundo o Ministério Público, a nova decisão faz justiça à “elevada periculosidade” do grupo e reconhece a gravidade do crime, que envolveu planejamento minucioso, execução violenta e uso de cargos públicos para fins criminosos.
A execução de Marcel Colombo também deixou uma segunda vítima: um jovem presente no local que foi baleado por engano e sobreviveu.
A operação
A Operação Omertà foi uma das maiores investigações já realizadas contra o crime organizado em Mato Grosso do Sul. Com sete fases desde 2019, ela desmantelou uma rede composta por empresários, ex-agentes de segurança pública e servidores, e já resultou em mais de 20 ações penais, somando penas que ultrapassam 300 anos de prisão.
Os líderes do esquema operavam com influência política e empresarial, e utilizavam violência como método para manter o controle de atividades ilícitas na capital. Os principais réus agora cumprem pena no Presídio Federal de Mossoró (RN), sob regime de segurança máxima.











