29 de março de 2024
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Prisão

Para PMs, medida expõe policiais e cria clima de tensão entre categoria

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A prisão dos três policiais do 1º Batalhão da Polícia Militar ocorrida na última terça-feira (19), após um adolescente ter denunciado à Corregedoria da Polícia Militar de MS que teria sido agredido por integrantes da corporação, provocou instabilidade entre os profissionais da área de segurança pública. Na quarta-feira (20), o comandante Comando Geral da PM/MS, Deusdete Souza de Oliveira Filho, estabeleceu, por meio de instruções, que os policiais terão de ser acompanhados por oficiais em ocorrências consideradas de vulto ou de grande repercussão. A medida, conforme o Comando Geral da PM, obriga o acompanhamento de um oficial para dar orientação sobre os procedimentos da atuação policial.  

Em entrevista concedida nesta sexta-feira (22) ao MS Noticias, o presidente do Sindicato dos Cabos e Soldados da Policia Militar, Edmar Soares da Silva não desmereceu a atitude do Comando Geral, mas, considera desnecessária. “Não que sejam melhores porque não são, mas eles [ oficiais] por estar de fora podem agir com mais serenidade. Acho que todo conhecimento jurídico é bem vindo, não vejo como represália”, disse. Porém, Edmar Soares ressalta que a atitude do tenente coronel da Corregedoria Geral da PM/MS, José Gomes Braga, de mandar prender colegas de corporação abriu lacuna entre os policiais. “Se esse Braga estivesse trabalhado alguma vez na rua, ele não faria o que fez com os policiais. Essa comoção tomou conta da Polícia Civil, guardas, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, mas dentro da Polícia Militar posso falar que grande parte da Polícia Civil que esta conosco e desmotivada”, afirma.

Na avaliação do presidente da Associação Beneficente dos Sub-Tenentes, Sargentos e Oficiais Oriundos do Quadro de Praça, segundo tenente Thiago Mônaco, as instruções remetidas aos policiais podem provocar outras interpretações quanto à realização dos serviços da PM, e expor os profissionais. “ Talvez não fosse o momento de fazer isso, pode dá conotação de que a atividade policial está toda errada. A medida expõe a corporação. Causa insegurança nos profissionais de segurança pública. Antes a gente saia de casa pra trabalhar, e não sabia se voltava, agora saímos pra trabalhar com medo de ser preso. Fica insegurança isso não é positivo. É importante registrar que existe problema sério de viaturas, falta de colete à prova de bala, falta de fardamento”, pontua Mônaco.

No comunicado o comandante determina a seguinte medida: “determino a esse comandante que obrigatoriamente, antes de assumir o serviço, todas as guarnições passem por preleção por autoridade competente a respeito dos seguintes temas: Direitos e garantias individuais, procedimentos de ocorrência e demais temas pertinentes ao serviço policial militar outrossim, doravante será obrigatório o acompanhamento por oficial dando as orientações devidas em todas as ocorrências de vulto ou que tenha repercussão, devendo informar o escalão superior sobre fato e providências”, diz a medida.

Entenda o caso

Na noite de terça-feira três policiais militares lotados no 1º Batalhão da Polícia Militar foram presos após denúncia feita à Corregedoria da Polícia Militar de MS de que os poliais teriam agredido um menor. Segundo informações, policiais faziam ronda em uma viatura quando abordou dois jovens em atitudes suspeitas em uma moto, um deles desceu da moto, o menor que teria sofrido a lesão corporal, e o outro fugiu.

A motocicleta foi perseguida, sem sucesso pelos policiais, que voltaram e abordaram o adolescente. De acordo com informações, os policiais queriam que o menor os levassem até a residência do fugitivo. De acordo com a denúncia,  os policiais teriam levado o menor para um local deserto onde ele teria sofrido as agressões para entregar o paradeiro do comparsa. A prisão dos PMs causou revolta e sensibilizou toda a categoria.