26 de julho de 2024
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Quadrilha paulista de "moradores de condomínio de luxo" é presa em MS

Interceptados no aeroporto, suspeitos regiaram com socos e chutes

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Rick Barreto de Oliveira, de 18 anos, Roberto Alves da Silva Quirino, de 20 anos, Marcello Gouveia dos Santos, de 24 anos e Augusto Eleomar Soares de Araújo, de 29 anos, foram presos no Aeroporto Internacional de Campo Grande, na madrugada de sábado (19.nov) para domingo (20.nov.22).

A polícia civil sul-mato-grossense afirma que os suspeitos se passavam por moradores para adentrar condomínios de luxo em cidades brasileiras e realizar furtos.

“Eles fazem esse tipo de prática criminosa utilizando-se, inclusive, da aparência física. Todos [vão ao condomínio alvo] bem-vestidos, todos com semblantes de possível morador do local. Eles, então, se passam por moradores para ingressar”, explicou Guilherme Scucuglia Cezar, delegado da Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), em coletiva à imprensa nesta 2ª.feira (21.nov.22).

"Eles tinham tratamentos dentários de 10, 15 mil reais. Tinham roupas caras. Entram nos locais sem máscaras, sem nada", acrescentou Scucuglia. 

O grupo foi descoberto em razão de agir semelhante a criminosos que estiveram no estado numa temporada em 2021. Naquela ocasião, a quadrilha veio de Fortaleza e foi presa em MS. 

Para driblar a segurança dos condomínios, Scucuglia esclareceu que o grupo se usa de situações do cotiano até já presenciada por equipes da polícia. “Então, é comum acontecer e nós já presenciamos várias vezes, alguns condôminos serem até um pouco indelicados com porteiros, exigindo a entrada, [dizendo]: Você não sabe quem eu sou? Aí, as vezes, até com medo dessa situação, [os porteiros] acabam deixando o indivíduo entrar sem uma devida identificação”, considerou.

Delegado explicou que a conduta dos condôminos leva os porteiros a evitarem questionamentos. Foto: Tero QueirozDelegado explicou que a conduta dos condôminos leva os porteiros a evitarem questionamentos. Foto: Tero Queiroz

Foi assim que parte do grupo invadiu o Edifício Renoir, na Rua Jintoku Minei, no Bairro Royal Park, rendeu e amordaçou uma moradora de 79 anos. A vítima estava assistindo TV na tarde do sábado (19.nov), quando ao menos dois homens saltaram para dentro de seu imóvel dizendo: “Deita aí e cala a boca!”. A idosa foi amordaçada com uma meia e deitada numa cama, enquanto os suspeitos buscavam por objetos de valor.

“Um roubo com extrema violência, no qual amarraram e amordaçaram uma idosa. E a partir dessas informações nós recuperamos algumas informações que tínhamos no ano passado, relacionadas a investigações de fatos correlatos, no qual indivíduos vieram de outros estados, especificamente do Estado de São Paulo, e realizaram alguns furtos extremamente similares a esse. Por esse motivo foi feito um trabalho inteligência, para que a gente pudesse identificar quais seriam esses autores, e apuramos que de fato, eles teriam vindo do estado de São Paulo, identificamos quem seriam esses indivíduos e identificamos que eles estariam fugindo, logos após o cometimento do crime para o estado de São Paulo, por meio de  passagens aéreas”, detalhou Scucuglia.

Ao serem abordamos no Aeroporto, os integrantes da quadrilham reagiram e apesar de não estarem armados, foram de socos e chutes cima dos policiais. “Todos eles resistiram violentamente a nossa abordagem, coisa que não é extremamente comum aqui no estado. São indivíduos que não respeitam a polícia, não respeitam qualquer tipo de abordagem, sendo necessário até um tipo de atitude até um pouco mais agressiva, para que se haja possibilidade de prisão”, observou. 

Com os suspeitos foram encontrados parte das joias roubadas da casa da idosa e as roupas que eles utilizaram para adentrar o condomínio. Além de cerca de R$ 1,5 mil em dinheiro. O dinheiro, segundo a polícia, ainda será investigado a quem pertence. As investigações ainda vão apurar qual é movimentação financeira do grupo.  

Ao ser questionado sobre a existência de hierarquia na quadrilha, o investigador destacou que pode ser um deles que não vai ao local do crime. “Um dos indivíduos, em tese, fazia a gerência de tirar os produtos ilícitos do local. Se for colocar alguma certa ascendência era ele que tinha”. 

O delegado alertou aos moradores sobre a importância de não permitir que pessoas sem identificação adentrem os condomínios.