O engenheiro agrônomo e consultor para agropecuária, André Sório, chegou ontem à Venezuela para trabalhar durante oito dias em uma propriedade de pecuária leiteira e de corte no Estado Apure.
Apesar da crise naquele país, algumas associações de ganaderos resolveram tocar à frente seus negócios sem depender de ações governamentais.
De hoje até seu retorno, trabalharemos (ele e eu) a quatro mãos para disponibilizar aqui - com exclusividade - o seu “Diário da Venezuela”. Nele, Sório pretende fazer um relato “sem viés ideológico” das dificuldades atuais em produzir dentro do território venezuelano e das curiosidades relacionadas à economia, fundamentalmente no que se refere à pecuária e industrialização.
DIÁRIO NA VENEZUELA – Episódio 1
“É possível sentir a tensão no ar desde a chegada ao Aeroporto da capital, Caracas. Já no trajeto entre o terminal internacional e o aeroporto executivo da cidade, vi princípios de manifestações nas ruas.
Segui para San Fernando de Apure, capital do estado Apure onde estou. Por aqui é bem mais tranquilo. Andando pelas ruas e passando por feiras e supermercados, percebi que há comida, mas a variedade é pouca.
Neste primeiro dia já deu para perceber que o país está se dolarizando. Os salários ainda não. Isso leva a vencimentos muito baixos e afugenta a mão-de-obra mais qualificada nas fazendas.
O pagamento é feito a cada semana e os reajustes também são semanais. Na empresa rural onde estou os proprietários indexaram os salários pela pecuária leiteira. Aumentando o preço do leite, eles aumentam a remuneração.
Notei que é difícil encontrar peças de reposição para tratores e outras máquinas. Até óleo lubrificante pode faltar.
Em compensação, diesel e gasolina – combustíveis fósseis em geral – são baratíssimos. Quase de graça. Para encher o tanque do avião hoje, compramos 465 litros de querosene de aviação. Pagamos por tudo isso apenas dois dólares (US$ 2), o equivalente em reais a R$ 7,32".