25 de abril de 2024
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CULTURA DO VINHO

O patinho feio da enocultura? Screw cap tem mais valor do que pensamos

Saca-rolhas é coisa do passado. Muitas garrafas já são lacradas com tampas de rosca, sem prejuízo à qualidade da bebida

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Quando se pensa em uma garrafa de vinho, automaticamente o que vem à mente é a tradicional rolha guardando a sete chaves a deliciosa bebida. 

Mas, há algum tempo essa imagem começou a mudar.

Em muitos rótulos, as charmosas rolhas de cortiça foram substituídas por tampas de rosca, chamadas de screw cap

Os mais críticos e os amantes de decoração, que costumam encher vidros com as rolhas e exibi-los em suas casas, até podem torcer o nariz, mas o vinho com tampa de rosca está cada vez mais presente nos supermercados, empórios e e-commerces.

DA ROLHA À TAMPA DE ROSCA

O preconceito com o screw cap se dá principalmente porque, no mundo dos vinhos, a tradicional rolha de cortiça permite a passagem de oxigênio para dentro da garrafa, o que ajuda o vinho a envelhecer, resultando em uma bebida de maior qualidade. 

Entretanto, algumas pesquisas indicam que a cortiça não deixa o oxigênio entrar, apenas libera, com o tempo, o gás contido no próprio material. 

Além disso, vale lembrar que a maioria dos vinhos produzidos no mundo não são de guarda e devem ser consumidos ainda jovens. Por isso, a micro-oxigenação não é tão essencial, abrindo oportunidade para os produtores adotarem soluções mais eficazes e econômicas. 

Feita a partir de cápsulas de alumínio, a tampa de rosca passou a ser difundida no Brasil há cerca de quinze anos. Em países como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, a adoção já tem mais de vinte anos. 

Atualmente, optar pela rolha ou pelo screw cap é entendida pelos especialistas como uma questão comercial ou de estilo do produtor.

BENEFÍCIOS DA TAMPA DE ROSCA

Utilizar a controversa tampa de alumínio tem pontos positivos, tanto do ponto de vista do produtor quanto do consumidor. 

A grande vantagem ao utilizar uma tampa do tipo screw cap é que o vinho fica hermeticamente fechado. 

Dessa forma, não há o risco de contaminação por fungos, o que pode acontecer com as rolhas de cortiça: é a chamada doença da rolha, bouchonné, que causa um odor desagradável no material.

Outra vantagem é que os custos da tampa de alumínio são menores. O custo do screw cap para o produtor é de, em média, R$0,18. Já uma rolha pode custar até R$ 3 a unidade e o valor extra, são claro, é repassado ao consumidor, encarecendo a bebida. 

Além disso, a tampa de rosca contribui com a popularização do vinho: torna a bebida prática de abrir, pois não precisa do saca-rolhas, e pode ser guardada facilmente na geladeira caso a garrafa não seja toda consumida. 

A maior perda ao aderir à tampa de rosca é no charme. Apesar da praticidade, esse tipo de vedação jamais substituirá a tradicional experiência de ouvir um leve estampido ao retirar a rolha para degustar um vinho.

VINHOS COM TAMPA DE ROSCA

O screw cap já é usado de forma massiva em vinhos brancos, rosés e tintos. 

No Brasil, a tampa de rosca tem sido mais utilizada nos vinhos brancos, pois a maioria dos produtores elaboram vinhos jovens, indicados para consumo imediato.

Ela também é mais adequada para que vinhos tintos jovens e rosés evitem contato com o oxigênio, preservando seu perfil aromático, sua cor e seu frescor.

Ou seja, trocar a rolha pela tampa de rosca não significa que o vinho é de baixa qualidade. Na grande maioria das vezes, só quer dizer que aquela bebida deve ser consumida mais rapidamente em comparação a um vinho de guarda. 

Quando se trata de vinhos com um grande potencial de guarda, a cortiça ainda é a preferência.

O FUTURO DAS ROLHAS

Os diversos benefícios da tampa de rosca, entretanto, não significam o fim das rolhas. As nações produtoras mais tradicionais, como França, Itália, Portugal e Espanha, ainda resistem à adoção da tampa de rosca, bem como, os consumidores brasileiros. 

Por marcar presença nas garrafas da bebida desde o século XVIII, a rolha de cortiça tem um importante valor histórico para o mundo dos vinhos. 

É possível que, no futuro, as rolhas tradicionais sejam encontradas só nos vinhos especiais, aqueles produzidos por grandes vinícolas e que passarão anos e anos guardados nas adegas, enquanto que os vinhos consumidos no dia a dia venham com a vedação de alumínio.

Seja como for, é possível afirmar com certeza que a qualidade dos vinhos não vai cair. Ao contrário: com as modernizações da indústria, ela só vai melhorar. Vinhos online, essa é a opção para garantir rótulos com ótimos sabores no conforto do seu lar!