20 de maio de 2024
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Diretor encerra em MS Mapeamento do Cenário Teatral para Infância e Juventude

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Quem trabalha com teatro infantil e juvenil em Mato Grosso do Sul sabe bem das dificuldades em formar público fiel, conseguir espaços com estrutura minimamente razoável para se apresentar e, principalmente, conseguir apoio financeiro seja do setor privado ou público.

Foi pensado e sentindo na pela essas mesmas dificuldades que o ator, diretor, produtor cultural Ricardo Schöpke desenvolveu há cerca de três anos o projeto Mapeamento do Setor de Artes Cênicas Para Infância e Juventude no Brasil, que tem como objetivo principal a criação de um catálogo de companhias teatrais de todos os estados brasileiros para que investidores do teatro infanto-juvenil sejam empresas privadas ou gestores públicos possam conhecer a realidade e os diferenciais de cada região do país.

Hoje, Ricardo chega a Campo Grande para última etapa desta fase do projeto. “Hoje na verdade se tornou um dia emblemático, Campo Grande é a última cidade que visitamos nesta fase do projeto. Hoje concluímos a visita a 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal”, diz Ricardo.

Defensor do teatro infantil, o produtor explica que a ideia surgiu depois de perceber as dificuldades das companhias teatrais em produzir espetáculos infantis de qualidade e principalmente divulgar o trabalho. “Antigamente, o teatro infantil não era valorizado. A arte infantil ficava com espaço de sobra do teatro para adultos, as produções não tinham técnica própria, iluminação própria, nos davam um pedacinho do palco com um paninho de fundo, era mais ou menos isso. Lembro que quando lancei a Boto do Mato, fizemos uma iluminação especial com muitas luzes no palco. Começamos também a sair do conceito bonequinhos para crianças, uma peça que fizemos e tivemos resultado muito positivo foi Brecht para crianças, por exemplo”.

Em busca de reverter essa lógica que Ricardo mergulhou no universo infantil e passou a buscar espaços com condições técnicas adequadas para criação de um bom espetáculo. “Em 1995, fundei a Cbtije (Centro Brasileiro de Teatro para Infância e Juventude) com intuito de reunir companhias teatrais e trabalhar a pedagogia do teatro infantil, as questões de qualidade do espetáculo, intensificar luta por espaços adequados, desde então são anos de vivências e experiências com teatro infantil e a ideia do mapeamento não é exclusivista, pelo contrário, e queremos não só entender a realidade de cada estado, mas também trocar experiências e passar às companhias de cada região nossas experiências no setor”, diz Ricardo.

Questionário usado como material de trabalho do programa - Foto: Wanderson Lara

O trabalho de Mapeamento tem sido tão positivo, que, desde início do projeto, conta Ricardo, houve aumento de aproximadamente 50% de investimentos de empresas privadas em companhias e projetos teatrais. O projeto prevê também criação do ICD (Índice de Desenvolvimento Cultural). Ricardo explica que entre os principais itens considerados no ranqueamento estão: investimento público e privado, permutas culturais, divulgação na imprensa e relação entre escolas e companhias teatrais. "Nesse aspecto, o poder público é fundamental, é essencial para fomento do teatro e da cultural em geral", diz. 

Se você se interessou e quer participar do seminário, ainda dá tempo. Hoje, as discussões e preenchimento do questionário do Mapeamento seguem até às 18h, e amanhã o encontro vai das 14h às 16h. O evento é gratuito e acontece na sede do Circo do Mato, que fica na rua Tonico de Carvalho 263.