26 de abril de 2024
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Inquéritos da Polícia Federal sobre a CBF e Teixeira não deram em nada

CBF financiou viagens, congressos e até mesmo uma 'pelada' na Granja Comary para PF.

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Em 15 anos, a Polícia Federal, no Rio, abriu 13 inquéritos contra a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o seu ex-presidente Ricardo Teixeira. Nenhum deles obteve resultado até hoje. Neste período, a CBF patrocinou congressos, viagens e até cedeu a Granja Comary, centro de treinamento da seleção brasileira, para um torneio de futebol de delegados.

Ontem, um novo inquérito foi aberto para investigar lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro dos dirigentes da CBF e empresários de futebol.

A Polícia Federal informou que “nenhum inquérito está parado na PF”. Algumas investigações foram arquivadas ou trancadas por determinação judicial, diz órgão.  “Há ainda casos de investigações enviadas à Justiça que aguardam retorno com a decisão”. Entre 2011 e 2003, 13 inquéritos foram abertos na Superintendência da PF, no Rio tendo como alvo Teixeira ou a CBF. Todos para investigar crimes financeiros. Em nenhum deles, o mandatário da CBF foi indiciado.

A lista com o número dos inquéritos foi encontrada, em 2006, numa busca da própria PF, na sala do delegado Roberto Prel, então, número 2, da instituição no Rio. Prel não foi encontrado para falar sobre a lista. À polícia disse na ocasião que a medida foi para cobrar providências de seus subordinados.

Em 2004, um novo inquérito foi aberto na PF contra Ricardo Teixeira, além das CPIs da CBF e da Nike, já terem ocorrido no Congresso.

‘Pelada’ de policiais

A relação da CBF com integrantes da PF se intensificou a partir de 2009. Ricardo Teixeira liberou R$300 mil para que a Associação de Delegados Federais realizasse o 4º Congresso Nacional, em Fortaleza (CE). Teixeira foi um dos palestrantes na ocasião, onde falou sobre a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Meses depois, em 2010, a ADPF (Associação de Delegados da PF) realizou uma “pelada” de futebol na Granja Comary. Por três dias, a associação, que chamou o local de um dos “templos do futebol brasileiro”, reuniu delegados, peritos e policiais civis do Distrito Federal. A ADPF não respondeu à reportagem se o caso configura algum tipo de conflito.

O torneio entre policiais ocorreu meses depois da PF deflagar, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora em que descobriu o pagamento de um mensalão do DEM, em Brasília. Entre os envolvidos no esquema estava Fábio Simão, apontado como um dos principais operadores do esquema. Ele foi presidente regional da CBF e presidente da federação brasiliense de futebol. No processo, Simão nega todas as acusações.

Também em 2010, a CBF patrocinou a ida de um coral de delegados aposentados da PF à Argentina para shows. O valor do apoio cultural não foi divulgado. Teixeira não foi localizado para comentar o apoio às entidades de policiais federais. O Código de ética do servidor público federal aponta que “a função pública deve ser tida como exercício profissional, e portanto, se integra na vida particular de cada servidor público”.