08 de julho de 2025
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CENÁRIO ECONÔMICO

Endividamento alcança 66,1% das famílias em Campo Grande, aponta pesquisa

O cartão de crédito lidera com folga a lista de principais dívidas, presente em 73% dos casos

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O nível de endividamento das famílias campo-grandenses segue elevado em 2025. É o que mostra a mais recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada em 4 de julho. A íntegra.  

De acordo com o levantamento, 66,1% das famílias da capital sul-mato-grossense possuem algum tipo de dívida, índice que permanece praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado (65,9%) e de maio deste ano (65,9%).

Entre os entrevistados, 18,1% se consideram muito endividados, enquanto 24% dizem estar “mais ou menos endividados” e 23,9%, “pouco endividados”. Apenas 33,9% afirmam não ter dívidas.

A pesquisa também mostra que o nível de endividamento é maior entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos: 69,6% desse grupo estão endividados, contra 48% entre aqueles com rendimento superior a 10 salários mínimos.

Levantamento das dívidas dos campo-grandenses. 

O cartão de crédito lidera com folga a lista de principais dívidas, presente em 73% dos casos. Em seguida aparecem carnês (17,7%), crédito pessoal (10,8%), financiamento de carro (8,5%), financiamento de casa (8,3%) e crédito consignado (7,9%). Modalidades como cheque especial (0,1%) ou cheque pré-datado (0%) quase não aparecem.

Já a inadimplência atinge 27,7% do total das famílias entrevistadas, considerando aquelas com contas em atraso. Dentro do universo de endividados, esse índice sobe para 41,9%. A preocupação aumenta quando se observa a capacidade de pagamento: mais da metade (51,2%) dos que estão com débitos vencidos afirmam que não conseguirão quitar as contas no próximo mês. Isso representa 14,2% do total de lares campo-grandenses.

O levantamento mostra ainda que o tempo médio de atraso é de 68 dias, sendo que 50,6% dos inadimplentes têm contas atrasadas há mais de 90 dias. Para muitas famílias, o endividamento se prolonga: 34,3% dizem estar comprometidas com dívidas há mais de um ano.

Em relação à renda, mais da metade (54,9%) das famílias comprometem entre 11% e 50% do orçamento mensal com dívidas, enquanto 9,9% gastam mais de metade da renda para pagar compromissos financeiros. O comprometimento médio é de 28,6%.

A PEIC realiza o levantamento sempre nos últimos dez dias do mês anterior à divulgação. A edição de junho ouviu pelo menos 17.800 famílias em Campo Grande, garantindo um nível de confiança de 95% e margem de erro de 3,5%.

Para especialistas, o alto nível de endividamento e inadimplência pode afetar não apenas o equilíbrio financeiro familiar, mas também o consumo e o desempenho da economia local, já que famílias endividadas tendem a reduzir gastos, especialmente com bens duráveis.