De acordo com dados fornecidos pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) e também confirmados pela empresa de coleta, Solurb (Soluções Ambientais) que é a atual responsável pela coleta do material reciclado em Campo Grande, atualmente a cidade produz cerca de 18 toneladas de lixo ao dia.
Isso se for contabilizado apenas o lixo destinado ao sistema de Coleta Seletiva, que segundo o gerente operacional da concessionaria de limpeza, Bruno Veloso, apenas a metade de todo esse lixo é reaproveitado de fato para a reciclagem. O restante é enquadrado como “rejeito” e termina por ser enterrado no aterro sanitário.
Foto: Tero Queiroz “São cerca de 18 toneladas oriundas do material da coleta seletiva. E temos um dado muito relevante a esse respeito, pelo menos metade dessa quantidade que aporta diariamente na unidade é encaminhada como rejeito pelos catadores. a concessionária responsável pela gestão da Limpeza Urbana e o Manejo de Resíduos Sólidos do Município de Campo Grande”, destaca Bruno.
Como Funciona?
Coleta, Transporte dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde.
Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde.
Coleta e Transporte de Materiais Recicláveis - Coleta Seletiva.
Coordenação de Unidade de Triagem de Resíduos.
Operação e Manutenção do Aterro Sanitário.
Desenvolvimento do Programa de Educação Ambiental.
Ao ser questionado se o sistema de Coleta Seletiva funciona ou não em Campo Grande, Bruno não hesitou em afirmar que, funciona em partes, pois segundo o gerente, não há adesão da população, “Fazemos inúmeras campanhas de porta em porta, explicando o funcionamento, informando o dia e horários". Veja o vídeo:
Quais os benefícios da Coleta?
Há também cooperativas de coleta de resíduos recicláveis que atuam neste segmento, três delas estão inseridas no espaço de Usina de Triagem de Resíduos (UTR) e outras três em setores diferentes da cidade (Coophavila II, Vida Nova e São Conrado). Cerca de 18 toneladas são trazidas todos os dia para a UTR, é tudo da coleta seletiva pego nas residências, e outros pontos.
Foto: Marcos MalufDe acordo com Renne Calvino Andrade um dos sócios e dono da Empresa e Comércio de Papel Buracão, localizada na AV. Ulisses Serra no Bairro Jardim Imá em Campo Grande. O empresário conta que trabalha no segmento de reciclagem há mais de treze anos e afirma que o benefício que tiveram com a Coleta Seletiva é muito pequeno, “Sinceramente? O que mudou com a implantação o sistema de Coleta Seletiva para nós foi a limpeza do material encaminhado para cá, no sentido de que é um material menos bruto, mas se formos falar em valores, tivemos até gastos com isso, por que acabamos tendo que pagar para jogar o rejeito (lixo descartável) lá no o aterro”, destaca.
“As Cooperativa não tem condições de encaminhar os resíduos para as indústrias, eles vendem para os ‘aparadistas’ (atravessadores), esses por suas vez processam e dão maior valor ao produto", justifica Bruno Veloso ao ser questionado o por que da Coleta Seletiva ser realizada pela Solurb.
Um dos maiores problemas segundo Renne é a população não ser informada adequadamente da existência do sistema de coletas seletiva, veja o vídeo:
"O resíduo da Coleta Seletiva é o resíduo seco e nós orientamos o cidadão a separar esse lixo”,
Ainda segundo Bruno, na UTR está autorizado o funcionamento de apenas três cooperativas, “Dentro das UTRs quem seleciona e organiza o pessoal; quem pode ou não trabalhar lá, é a prefeitura, lá [UTR] eu sei que funcionam três, fora de lá não sei te informar”.
Ninguém entra
Foto: Tero Queiroz Nossa equipe esteve no aterro sanitário de Campo Grande, local onde estão instaladas as UTRs, porém não foi permitido o acesso de nossos repórteres fotográficos no local um funcionário da empresa sem identificação, mas quem estava na portaria no momento da visita, informou a nossa equipe que, "muitos jornalistas tentam vir e entrar e voltam para trás, a ordem é não deixar ninguém de vocês entrar", informou o funcionário que aparentava ter entre 40 e 50 anos. O local atualmente é cercado e sob o comando da concessionária de limpeza e prefeitura.
Em seu site a Solurb disponibiliza um local para pesquisa de dias e horários em que a coleta será feita em determinada região. No mapa podem ser identificadas algumas regiões no centro da cidade, porém Bruno afirma que muitos bairros já são beneficiados pelo sistema.
Mapa de regiões contempladas pela coleta seletiva
Coopervida
José é coletor do Coopervida há 40 anos. Foto: Tero QueirozSegundo o coletor de materiais recicláveis José Pedro Tavares (74), antes de haver a Coleta Seletiva em Campo Grande, a Coopervida, cooperativa de reciclagem localizada no Bairro Vida Nova, comportava mais de trinta trabalhadores, com a implantação do sistema o número caiu para dez trabalhadores e tende a diminuir, pois segundo Tavares foram lhes tomados os direitos de acesso aos comércios e demais locais de coleta na Capital, “Esses dias mesmo fomos a Santa Casa, pegar materiais, sempre pegamos lá no hospital, mas chegando lá nos disseram que não podíamos, mas pegar as caixas de papelão de lá, pois a Coleta Seletiva já estava pegando, sendo que muito do que eles pegam lá é enterrado”, argumentou o Coletor.
Em gravação, o gerente Bruno afirma que 60% do material coletado por dia, são recolhidos na triagem até 60 tipos de materiais. “Aí tem caixa de leite, plástico de detergente, sacola plástica, computador, lata de tinta. São coisas que conseguimos comercializar”, comenta.
Gráfico: Imagem ilustrativa/Lucas Barreto
"Não tem isso de se aterrar tudo, uma parte sim, mas não tudo", ataca Bruno.
Varrendo para "baixo do tapete"
Tavares relembra ainda que na época em que foi feito o acordo entre prefeitura e Coletores a proposta era a Coleta Seletiva beneficiasse a todos mas segundo Tavares foram esquecendo a todos, “Não nos falaram que no dia que o mais longe ou menos longe iria ficar fora! O que foi dito, foi que a Coleta Seletiva beneficiaria a todas as cooperativas, mas só nos prejudicou”, atacou.
Idelvan Gonçalves tem 57 anos é coletor a 30. Foto:Tero Queiroz O gerente da concessionária de limpeza, por sua vez, afirma que desconhece o acordo existente, informado por José Tavares, veja o vídeo:











