17 de abril de 2024
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DENÚNCIA

Fundação de Cultura de MS é acusada de pagar evento que não aconteceu

Contrato de R$ 15 mil foi para show com o grupo Filhos de Campo Grande na Praça dos Imigrantes

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Internautas das redes sociais e habituês do Sarau das Segundas na Praça dos Imigrantes denunciaram a Fundação Estadual de Cultura (FCMS) de pagar por um show que não foi realizado naquele local no dia e hora pré-fixados. O contrato, celebrado com o grupo Filhos de Campo Grande, foi assinado pela presidente da Fundação, Mara Elisa Navachi Caseiro, e o responsável pelos músicos, Jorge Shigueru Sócrates Gomes Ishyama.

O contrato empenhou recursos governamentais provisionados dentro do projeto “Ações Culturais Participativas”, da política publica de fomento às artes. O grupo, contratado por R$ 15 mil e com dispensa de licitação, deveria apresentar-se no último dia 10, durante 90 minutos e a partir das 20h, no Sarau de Segunda, realizado periodicamente na Praça dos Imigrantes. Contudo, nem o show e sequer o grupo musical aconteceram, conforme o que foi estabelecido no extrato do contrato 006/2020, publicado no Diário Oficial de quarta-feira, 19.

O sarau é uma atividade cultural de caráter publico, com autorização da Prefeitura para uso da Praça dos Imigrantes. É realizado todas as segundas, sempre com acesso gratuito à população e liberado para a performance dos artistas. Músicos, intérpretes, poetas e outros se revezam democraticamente nesse espaço do centro da cidade, esquina das ruas Barão de Melgaço e Joaquim Murtinho com Rui Barbosa.

Um dos internautas que fizeram a denúncia, André Germano, escreveu no Facebook que a contratação é fraudulenta e com uso indevido do nome “Sarau de Segunda”, que é “uma associação dotada de personalidade jurídica própria”. Afirma ainda que na data contratada o show dos Filhos de Campo Grande não aconteceu na praça e que o grupo jamais se apresentou nesse local.

Germano completa: “Esclareça-se  que nessa data (10 de fevereiro) aconteceu normal e regularmente mais uma edição do Sarau de Segunda, com a participação de músicos do povo e poetas e poetisas, sem qualquer remuneração, sendo que a única contribuição é a oriunda do chapéu (doações espontâneas) que se destina a custear transporte do som e mesas, bem como gratificação a alguns músicos titulares”. E arremata: “Isso é muito grave. Se aproveitaram do movimento do evento para, falsamente, simularem o dito show a fim de apropriar de dinheiro publico ilicitamente, usando indevidamente o nome do Sarau de Segunda”.

Os Filhos de Campo Grande, do segmento sertanejo universitário, começaram em 1997 por iniciativa dos acadêmicos Jorge Ishiyama – também responsável juridicamente pelo grupo -, Hemerson Rosa e Rafael Bueno. Percorrem nestes 23 anos uma trajetória com músicas de sucesso, premiações e uma agenda recheada de apresentações dentro e fora do Estado, com presença em programas nacionais de tevê.

Na edição desta matéria e sua publicação a reportagem não conseguiu fazer contato com a presidente da FCMS, a ex-deputada Mara Caseiro, nem com os integrantes do grupo.  É aguardada para hoje, quinta-feira, 20, a manifestação de ambos para dar suas versões e esclarecimentos.