15 de dezembro de 2025
Campo Grande 29ºC

UBATUBA

Idosa é a segunda vítima mordida por tubarão em mais de 30 anos no litoral de SP

Mulher de 79 anos foi atacada na perna esqueda; primeiro caso aconteceu há menos de um mês no mesmo município

A- A+

Em 32 anos, pela segunda vez em menos de um mês, ataques de tubarão são registrados no litoral norte de São Paulo, sendo mais recente o caso de uma idosa de 79 anos, mordida na região da panturrilha esquerda, enquanto se banhava na Praia Grande, em Ubatuba, no início da semana. No feriado de Finados, um turista francês de 39 anos foi mordido na perna direita na Praia do Lamberto, também localizada no município.

Professor doutor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Otto Bismarck Fazzano Gadig, que é biólogo e especialista em tubarões, confirmou o ataque após estudo técnico das imagens, segundo agência Folhapress. 

De acordo com o biólogo, em análisa da mordedura, no caso da senhora de 79 anos o animal era um tubarão-tigre ou cabeça-chata, de porte médio ou grande. De Piranguinho, no interior de Minas Gerais, a mulher tomava banho nesse que é um dos destinos mais procurados pelos turistas. 

ilustra aaqueEsquema ilustrado por Otto Bismarck - Foto: Reprodução/Unesp 

Ela foi levada às pressas para a Santa Casa de Ubatuba. De acordo com laudo da Unesp, a lesão tem forma de "C" invertido e deixou a musculatura da panturrilha da idosa exposta, além de provocar pequenas lesões em vasos da perna. Como o animal não completou o ataque, a mordida foi superficial, resultando num corte de aproximadamente 25 centímetros. 

"O agente causador do trauma foi uma espécie de tubarão de médio a grande porte, com cabeça arredondada, focinho curto", relatou o documento encaminhado ao Instituto Argonauta, responsável pelo monitoramento das praias da região.

Esse caso, aliado ao do turista francês, foram os dois primeiros em mais de três décados sem relatos envolvendo tubarões, entretanto, conforme o presidente do Instituto e diretor do Aquário de Ubatuba, Hugo Gallo Neto, ainda é cedo para culpar as mudanças climáticas. 

"Foram casos isolados e tubarões diferentes. Há relações pouco prudentes dos ataques com as alterações climáticas. É muito cedo para falar isso. Em outubro, tivemos 23 dias de chuva. Isso traz mais nutrientes para as águas e alimenta uma cadeia maior de peixes. Atraindo os peixes, os tubarões que já frequentam a região se encontram com banhistas. O ser humano não é parte da dieta do tubarão", argumentou ele à Folha de S. Paulo. 

Hugo diz que as chances do fato se repetir ainda são mínimas, e que, por ora, os casos ainda não geram maior preocupação. "Por enquanto, tratamos como um fenômeno. Ainda não há um padrão como em Recife", diz ele, já que na capital pernambucana os ataques de tubarão são recorrentes. 

Em julho, dois deles aconteceram na praia de Piedade, de Jaboatão dos Guararapes, local com grande número de incidências. Neste ano, um homem de 51 anos morreu no mesmo local.

Ainda, no relatório do Argonauta, há a explicação de que é mais provável alguem ser picado por uma cobra "ao fazer uma trilha em nossa região, sofrer um acidente de carro, moto ou bicicleta ainda é infinitamente maior do que sofrer uma mordida de tubarão no mar".

Das recomendações para quem busca diversão no litoral, o relatório indica que os banhistas fiquem em grupos, já que os ataques ocorrem preferencialmente a banhistas solitários. Aponta também para  não avançar para águas profundas, não entrar na água se estiver sangrando, não utilizar joias brilhantes e evitar nadar de manhã cedo ou no final da tarde quando os animais estão mais ativos.