19 de dezembro de 2025
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LUTO NA ARTE

Morre aos 83 anos atriz sul-mato-grossense Aracy Balabanian

Artista deu vida a personagens memoráveis da TV brasileira

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A atriz Aracy Balabanian morreu nesta 2.ª feira (7.ago.23) aos 83 anos. Ela lutava contra um câncer no pulmão desde 2022. Ela faleceu internada na Clínica São Vicente, na Gávea, na cidade do Rio de Janeiro.

BIOGRAFIA

Filha dos imigrantes armênios, Rafael Balabanian (comerciante) e Estér Balabanian (dona-de-casa), Aracy e os irmãos nasceram em Campo Grande (na época Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul), onde a família fixou residência, após conseguir fugir do genocídio promovido naquele pais, pelos turcos otomanos.

'NATURAL DE MT/MS AO MESMO TEMPO'

A artista nasceu em 22 de fevereiro de 1940, mas só foi registrada em 25 de abril de 1940, pois, na época era comum o parto em casa e, com isso, as pessoas acabavam sendo registradas em data errada, em razão da distância de cartórios e hospitais.

O nome original da artista seria "Araccy" — que é uma grafia armênia — mas o cartório pediu ao pai dela para que se grafasse um nome a estilo brasileiro e assim ficou Aracy.

Em 1940, Campo Grande não era Capital, pois, a divisão do Estado de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), só ocorreu em 11 de outubro de 1977, quando Aracy já tinha 37 anos.

PRIMEIRO CONTATO COM ARTE

Ela se envolveu com arte quando se mudou para São Paulo com a família em 1952. Na época, ela foi levada pelas irmãs mais velhas para assistir a uma peça de Carlo Goldoni com a companhia de Maria Della Costa. "Eu chorei muito. Estava emocionada porque era aquilo que eu queria. É muito difícil para uma criança de 12 anos, ainda mais naquela época, querer ser atriz e já perceber que ia ter muitas dificuldades", relembrava ela ao 'O Globo'.

Dois anos mais tarde, Aracy assistiu, no Colégio Bandeirantes, onde estudava, a uma palestra de Augusto Boal, então diretor do Teatro de Arena. Convidada pelo dramaturgo, fez um teste e entrou para o Teatro Paulista do Estudante.

Seu 1.º trabalho foi a peça 'Almanjarra', de Arthur Azevedo, que lhe valeu elogios dos críticos, Décio de Almeida Prado e Sábato Magaldi: "Eles escreveram uma crítica que terminava dizendo: ‘Aracy Balabanian: guardem esse nome’. Eu fiquei possuída", celebrava a atriz.

CONTRAPÔS A FAMÍLIA

Em 1958, aos 18 anos, Aracy Balabanian fez o vestibular para Ciências Sociais e para a Escola de Arte Dramática (EAD), na USP — o primeiro, atendendo ao desejo do pai. Aprovada em ambos, abandonou os estudos de Sociologia no 3º ano para se dedicar ao teatro.

“Foi uma tourada”, dizia Aracy Balabanian a respeito do início de sua carreira. Ela viveu numa época que era considerado ‘feio uma mulher fazer teatro’. A atriz, no entanto, superou todos os obstáculos.

PRIMEIROS PASSOS PROFISSIONAIS

Seguindo na vida de artista, ela participou de espetáculos encenados pelo Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC — entre eles, 'Os Ossos do Barão', de Jorge Andrade, em 1963 — e integrou o elenco da primeira montagem no Brasil do musical 'Hair,' em 1969, dirigido por Ademar Guerra.

Em 1965 ela chegou a TV, estrelando uma adaptação da peça 'Antígona', de Sófocles, em um teleteatro da TV Tupi. No mesmo ano ela fez a primeira novela: 'Marcados pelo Amor' (1965), de Walther Negrão, na TV Record.

Em seguida, na Tupi, participou de 'Um Rosto Perdido' (1966), de Walter George Durst.

O pai de Aracy só aceitou a opção profissional da filha em 1968, quando ela contracenou com Sérgio Cardoso na novela Antônio Maria — ela protagonizou essa novela — de Eloy Santos, um grande sucesso na qual Aracy foi par romântico do ator Sérgio Cardoso. Isso além de lhe render o respeito da crítica, acabou convencendo a família, pois, o pai de Aracy era fã de Cardoso. “Eu costumo dizer que o Brasil parou nessa novela e o meu pai parou em mim”, contava a atriz.

Aracy, no ano seguinte, fez 'Nino, o Italianinho', novamente na Tupi. Aí seguiu com sucessos como 'A Fábrica', ambas de Geraldo Vietri, entre outras.

ESTREIA NA TV GLOBO

Aracy Balabanian na novela "O Primeiro Amor", de 1972. Crédito: Acervo/Globo

A estreia dela na Globo aconteceu em 1972, em 'O Primeiro Amor'. Na novela de Walther Negrão, foi a psicóloga Giovana, que disputava o amor de Luciano (Sérgio Cardoso) com Paula (Rosamaria Murtinho) e Maria do Carmo (Tônia Carrero). Durante as gravações, Sérgio Cardoso morreu: “Foi uma comoção nacional. A novela teve que continuar. Ele foi substituído pelo compadre dele, o Leonardo Villar”, lembrava a atriz.

Em 1973, trabalhou no programa infantil 'Vila Sésamo'. Nele, viveu Gabriela, par de Juca (Armando Bógus), e contracenava com bonecos, como Garibaldo (Laerte Morrone): “Vinte anos depois, eu comecei a ver moças e rapazes me chamando de ‘minha Xuxa’. É muito gratificante saber que tem crianças que aprenderam a falar cantando a musiquinha de Vila Sésamo”, considerava Aracy...

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