23 de abril de 2024
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Invasões

MPF denuncia Glenn Greenwald e mais seis por invasões de celulares

Na operação são apontadas a prática de organização criminosa, lavagem de dinheiro e interceptações telefônicas

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Sete pessoas foram denunciadas nesta terça-feira (21), pelo MPF (Ministério Público Federal) durante a Operação Spoofing que investiga crimes relacionados a invasão de celulares de autoridades brasileiras no caso, procuradores da força-tarefa da operação Lava-Jato e do então juiz Sergio Moro.

Na operação são apontadas a prática de organização criminosa, lavagem de dinheiro e interceptações telefônicas. Ao todo, sete foram denunciados e entre eles o jornalista da The Intercept Brasil, Glenn Greenwald.

De acordo com o site R7, além de Glenn, foram denunciados Walter Delgatti Netto, Thiago Eliezer Martins Santos, Luiz Henrique Molição, Gustavo Henrique Elias Santos, Danilo Marques e Suélen Oliveira. O procurador da República Wellington Divino de Oliveira pede a instauração de um processo-crime e a citação dos denunciados para que apresentem defesa.

Walter Delgatti Neto: executor, mentor e líder dos crimes bancários e das invasões aos dispositivos informáticos;

Thiago Eliezer Martins Santos: programador, mentor e líder dos crimes bancários e das invasões aos dispositivos informáticos;

Gustavo Henrique Elias Santos: programador, responsável por diversas fraudes bancárias e atuava prestando auxílio nas condutas das invasões aos dipositivos informáticos;

Luiz Henrique Molição: realizou invasões aos dispositivos informáticos e atuava prestando auxílio nas condutas perpetradas por Walter bem como atuou como porta voz do grupo;

Suelen Priscila de Oliveira: atuava como laranja e buscava terceiros para participarem das fraudes e furtos bancários com o objetivo de realizar a lavagem de dinheiro;

Danilo Cristiano Marques: era testa-de-ferro de Walter possibilitando o usufruto dos meios materiais para a realização dos mais diversos crimes cibernéticos. Também atuava como laranja de Walter.

Para o procurador, Walter Delgatti Netto era o líder da organização criminosa que invadiu celulares de autoridades. Gleen, por sua vez, não fazia parte do grupo.  "Walter é responsável direto e imediato, de maneira livre e consciente, pela prática do crime em relação a 126 vítimas e 176 condutas", aponta a denúncia.

A organização, composta pelos outros seis, cometia crimes cibernéticos em três frentes:

1) fraudes bancárias e furtos utilizando Phishing, engenharia social, clonagem de cartões de crédito e key loggers;

2) invasão de dispositivos, com violação indevida de sistemas de segurança e monitoramento, em tempo real, de dados sem autorização judicial;

3) lavagem de dinheiro.

Para o MPF, ficou comprovado que Greenwald auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões. Apesar da denúncia, o jornalista não era inicialmente investigado.

Danilo e Gustavo, por sua vez, "tiveram atuações assessórias, porém, essenciais, para que Walter, Luiz e Thiago "obtivessem sucesso na empreitada criminosa de invadir dispositivos informáticos para obtenção de mensagens privadas".

Luiz Molição tinha por missão inicial, segundo o documento, realizar a análise dos dados e materiais jurídicos obtidos por Walter e, posteriormente, auxiliar nas comunicações do grupo com Greenwald.

O documento relata, também, que os denunciados "utilizavam técnicas simples" para superar as barreiras de segurança impostas pelos usuários, pelos desenvolvedores e pelas operadoras de telefonia móvel.

O R7 Planalto procura contato com as defesas dos denunciados. O espaço está aberto para manifestação. Em nota assinada pelo departamento jurídico, o site The Intercept Brasil afirmou que que recebeu com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra Greenwald. "Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política". Diz, ainda, que seu objetivo é "depreciar o trabalho jornalístico de divulgação de mensagens" e que os advogados "preparam a medida judicial cabível e pedirão que a Associação Brasileira de Imprensa, por sua importância e representatividade, cerre fileiras em defesa do jornalista agredido".