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DESENVOLVIMENTO

Na crise, Campo Grande experimenta sua maior revolução urbana

Atenção às pessoas é objetivo de Marquinhos com modernização, ampliação e redefinição de uso de espaços e da malha viária

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Quem percorre as ruas de Campo Grande e encontra ruas limpas, de asfalto novo ou recapeado, estruturas urbanas modernas e com espaços estrategicamente distribuídos para que sejam ocupados e aproveitados pelas pessoas, estará diante de uma realidade que as lógicas considerariam impossível de acontecer em menos de três anos. Porém, de janeiro de 2017 a novembro de 2019, a um ano de completar seu primeiro mandato, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) lacrou a proeza que desafiou a improbabilidade da lógica: a revolução urbana em curso não se curvou ao peso opressor da conjuntura de recessão e estrangulamento financeiro, promovendo na capital do estado um ambicioso salto no tempo.

A Campo Grande que hoje se apresenta aos seus quase 900 mil moradores e milhares de visitantes não é a mesma que antes de 2017 era fotografada não por suas ruas largas e arborizadas ou por seus encantos naturais. A imagem está radicalmente mudada. Às ruas largas e arborizadas estão sendo acrescentadas a pavimentação, a drenagem, as árvores e, especialmente, o conjunto de estruturas, serviços e equipamentos que propõem uma forma estética das mais atraentes e um conteúdo de benfeitorias absolutamente humanas e sustentáveis.

Praticamente impossível imaginar que tamanha mudança esteja sendo operada dentro de um teatro mundial de crises e retração de investimentos, com quedas brutais de receitas, contingenciamentos e economias drásticas nos orçamentos públicos. A capital de Mato Grosso do Sul enfrenta a dificuldade investindo na melhoria de qualidade de vida de seu povo.

PERDAS

Pedro Pedrossian Neto é Secretário Municipal de Finanças e Planejamento. Foto: Deurico Ramos/Capital News

Segundo o secretário de Finanças, Pedro Pedrossian Neto, só em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Campo Grande vem perdendo, respectivamente, a cada ano, uma média de 45 milhões e R$ 6 milhões. Ou seja: menos de R$ 500 mil/mês de FPM e R$ 3,7 milhões/mês de ICMS. E ainda há que ser considerada a decisão temerária e audaciosa do prefeito de não adotar a saída tradicional nesses casos, que seria arrochar os contribuintes com os impostos por meio da sobrecarga tributária.

O contraponto do administrador para driblar o dragão recessivo e criar as condições para resistir investindo na retomada do desenvolvimento, foi a estratégia de gestão elaborada para atender a população com serviços funcionando tanto nos apelos permanentes, como nas demandas episódicas. Assim, como bem observou Pedrossian Neto, o caixa da municipalidade não ataca na planilha de investimentos, cuida das necessidades fundamentais, especialmente na área social: educação, saúde, promoção humana, transporte e outros compartimentos.

Os investimentos – e ai está o mérito singular do gestor – ficaram por conta de uma administração que, entrando em cena após quatro anos do mais desastrado ciclo administrativo da história, não tinha outro aval a oferecer a não ser o empenho da palavra e a garantia de um programa de governo que fez do equilíbrio financeiro e fiscal o primeiro mandamento da cartilha administrativa.

AUTOESTIMA

Prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), durante inauguração das obras de drenagem e pavimentação do Residencial Bellinati, região urbana do Imbirussu. Foto: Reprodução/PMCG 

Quando assumiu, Marquinhos Trad estava diante de uma cidade praticamente esfarelada e desmotivada, uma população com a autoestima seriamente afetada e a inadimplência sufocando as contas, além de embaraçar a busca de recursos externos. A parceria deixou de ser uma força de expressão e foi adotada como diretriz conceitual para, ao largo dos interesses e caprichos político-partidários, atrair o mais amplo arco de apoios e nele assentar a perspectiva de resgatar a autoestima dos campograndenses.

Já no mês de estreia como prefeito, ele trouxe consigo o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e toda estrutura do governo estadual, emendando a providência com o diálogo produtivo junto às bancadas parlamentares estadual e federal, pontes que o tornaram mais próximo do Planalto. E este é o segredo da fórmula que tornou viável fazer da cidade um canteiro de obras.

A receita da parceria é antiga. A inovação está no ajuste do planejamento rigoroso para o equilíbrio das finanças, o grande aval da gestão, ponto de partida para conquistas sem precedentes, como os mais de US$ 56 milhões repatriados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o projeto Reviva Centro, que requalifica a Rua 14 de Julho e torna toda a região central num dos mais belos e espaços lugares de usufruto da população que vai fazer compras ou simplesmente passear. Em breve, com semelhante olhar, a Prefeitura vai investir em outros tratamento de requalificação, atento aos vazios comerciais e habitacionais que há duas décadas deixaram “mortas” algumas áreas urbanas.

CONFORTO E MOBILIDADE

Populares descansam na nova Rua 14 de Julho em Campo Grande. Foto: Tero Queiroz.  

Passear pelas ruas centrais deixa de ser um tormento. Os pedestres experimentam o conforto e a tranquilidade de circular por ruas sempre limpas, arborizadas, com espaços para descanso, sem o estorvo de fiações e equipamentos obsoletos. E igual atenção é dada às demais regiões no subúrbio.

Máquinas trabalham em recapeamento em Campo Grande. Foto: Diogo Gonçalves  

A Prefeitura planeja investir nos próximos dois anos aproximadamente R$ 130 milhões para executar 200 km de recapeamento nas sete regiões urbanas da cidade, equivalente ao triplo do que foi aplicado nos últimos dois anos, quando 65 km de vias tiveram o asfalto refeito.

Praticamente todos os corredores de acesso aos bairros mais distantes do centro da cidade receberão asfalto novo, além das ruas de maior movimento. A expectativa é iniciar todas as frentes de serviço em 2020, terminar pelo menos metade, que são as vias onde a intervenção será restrita a refazer o pavimento, sem abranger drenagem, acessibilidade, calçamento, a chamada requalificação.

Nos próximos dias será licitada a execução de 25 km de recapeamento, com a mobilização de R$ 18 milhões e prioridade para os bairros, que terão mais 21 km assistidos pelo serviço.