18 de dezembro de 2025
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NOVELA | PANTANAL

Revolucionária em 1990, nova 'Guta' vira 'feminista de apartamento'

Em 2022 Guta é rebelde bancada pelo pai fazendeiro

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Em março deste ano, a TV Globo teve uma sacada visionária ao lançar um remake da novela “Pantanal”, tão popular em sua primeira versão, em 1990. A trama original escrita por Benedito Ruy Barbosa, hoje é comandada por seu neto Bruno Luperi. Apesar de ser um remake, é incontestável sua roupagem nova, envolvendo temas atuais, por isso pode ser necessário mudar certos personagens para o roteiro se adaptar à realidade que vivemos.

Um dos que tiveram nova roupagem é Guta, interpretada por Julia Dalavia, que tem sido vista apenas como uma garota urbana no meio do Pantanal e, às vezes, até como “feminista de apartamento”, com privilégios que certas mulheres não têm, como as negras e as pertencentes à comunidade LGBTQIA+.

Para Guta, que é denominada como feminista progressista, é muito fácil ser uma pessoa rebelde que é bancada pelo pai fazendeiro, nunca lava uma louça para ajudar a mãe e tem tudo de que precisa sempre que quer, como comida feita e roupas lavadas.

Além disso, durante a novela, Guta, apesar de incentivar a mãe a ser “menos trouxa” em relação ao casamento infeliz, não lhe revelou o que descobriu: seu pai tem outra família fora do casamento, algo completamente contraditório com o que ela mesma prega. Quando a mãe descobre, Guta apenas diz que só queria que a mãe fosse feliz e não “revoltada” como estava.

É claro que, apesar de tudo, a história de Guta em “Pantanal” abre espaço para atualizações da nossa época, porém muitas pessoas começaram a enxergar a personagem com outros olhos por causa das pautas feministas em torno dela e por não quebrar tabus ou não ser uma grande transgressora. Apesar de tudo, sua personagem chama a atenção pelas lições de igualdade de gênero, LGBTfobia e liberdade sexual em um ambiente dominado por homens machistas.

GUTA ORIGINAL

Em 1990, Guta era uma mulher transgressora, feminista e revolucionária, ácida e afrontosa sempre que precisava, valorizava a liberdade do seu corpo como mulher e ainda protagonizou várias cenas de nudez durante a novela, que ficou marcado para os telespectadores. Além disso, era uma mulher de personalidade, dona de si, do seu corpo e da sua sexualidade, e não tinha medo de encarar quem a criticasse.

O papel de Guta, em 1990, afastava-se do perfil de mulher submissa, que aceita todas as imposições da sociedade, e foi uma verdadeira revolução para as novelas brasileiras. Era uma mulher à frente do seu tempo, e confrontava o pai sempre que necessário, dizendo-lhe suas verdades.