13 de maio de 2024
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VIOLÊNCIA SEXUAL | CAMPO GRANDE (MS)

Vídeo: manifestantes exigem prisão de mestre de capoeira no Fórum, pressionam vereador e prefeito

Professor de capoeira acusado de abusar de jovem que cometeu suicídio segue em liberdade, segundo denunciante trabalhando com crianças

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Uma manifestação pacífica reuniu na quinta (4.nov.21) mais de 50 pessoas com cartazes e gritos cobrando “Justiça por Raul” – Raul Pablo Antunes de Brum, que aos 18 anos foi encontrado morto numa reserva de mata ao lado do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande. Ele morreu em 1º de outubro, mas seu corpo só foi achado no dia 3 de outubro.

O grupo reuniu-se às 14h20 na esquina da Rua da Paz com a Rua Bahia no Bairro Jardim dos Estados na Capital sul-mato-grossense. O ponto de encontro escolhido pelos manifestantes fica a poucos metros do Ministério Público de Mato Grosso do Sul e do Fórum. Eles fizeram naquela quinta uma cobrança de celeridade. “Precisamos pedir que esse delegado de andamento nas investigações, está tudo parado gente, nos ajudem”, disse uma das manifestantes ao falar com um grupo de jornalistas.

Local de onde partiu a manifestação pacífica pela prisão do mestre de capoeira. Foto: Tero QueirozLocal de onde partiu a manifestação pacífica pela prisão do mestre de capoeira. Foto: Tero Queiroz

Parte do grupo dos manifestantes presentes davam a Raul ajuda psicológica depois de ele denunciar por importunação sexual seu ex-professor de artes marciais, um dos donos da academia ArtFísica, Leandro Bussanello, de 36 anos. O homem é acusado por denunciantes de ao menos 8 atos de violência sexual contra adolescentes para os quais ele dava aula de capoeira na Capital. “Ele estava se reunindo no fundo da academia e falando para um grupo de alunos lá que é tudo mentira nossa, que não é nada disso aí. Mas não faz nem 40 dias que uma criança denunciou ele”, explicou o primo de Raul, Leonardo Bartzik, que também foi vítima de Leandro.

Coraram a prisão de Leandro com manifestação pacífica. Foto: Tero Queiroz Cobraram a prisão de Leandro com manifestação pacífica. Foto: Tero Queiroz 

A Vara da Infância e Juventude de Campo Grande negou em outubro o pedido de prisão preventiva feito em desfavor de Leandro. A solicitação para que o professor fosse preso foi feita pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), responsável pela apuração dos casos, no entanto, foi indeferida pela Justiça na semana passada.

Em vídeo feito pelo MS Notícias, um dos manifestantes fez a leitura de uma carta às autoridades cobrando justiça:

Após o manifesto em frente ao Fórum, os manifestantes foram para frente da prefeitura onde pressionaram o prefeito Marquinhos Trad e o vereador Tiago Vargas, ambos do PSD.

Manifestantes foram até a prefeitura. Foto: Tero QueirozManifestantes foram até a prefeitura. Foto: Tero Queiroz

Marquinhos disse: “A gente se solidariza, mas não cabe ao executivo nenhum ato para fazer com que ele seja preso ou não. Isso cabe ao magistrado, ao Ministério Público e a ampla defesa. A gente registra o descontentamento de vocês e a gente pode pedir através de profissionais da OAB, informações sobre o processo das partes”. Na sequência ele se esquivou e saiu, deixando o grupo. 

Cobraram o prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD). Foto: Tero QueirozCobraram o prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD). Foto: Tero Queiroz

Tiago Vargas também se posicionou firme pela prisão do homem já condenado que segue em liberdade. “Eu fui o único vereador a se pronunciar sobre isso. Sou favorável a vocês, esse para mim não passa de um canalha, é vagabundo, um bandido, que num País sério não estaria nas ruas.  Infelizmente nossas Leis brasileiras são muito falhas, e nós deixamos bandidos, canalhas como esses solto, essa é a verdade, nós temos que ser sinceros. Eu fui no local, no Parque das Nações, filmei e fiz o vídeo... estou cobrando também, eu como ex-policial que sou pai, sei muito bem o que vocês estão passando, da dor de perder um ente querido (...). Não é o primeiro caso, outros casos, outras pessoas já buscaram justiça, nós temos aí um pedófilo, a verdade é essa, vivendo nas ruas como se nada tivesse acontecido. Me solidarizo com vocês, eu fiz um ofício pedindo explicações à Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e também ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul, vamos aguardar as respostas deles. Mas essa manifestação de vocês, vocês tem meu total respaldo, eu por simplesmente vereador de Campo Grande, mas também como presidente da Comissão de Segurança Permanente da Câmara Municipal de Vereadores estarei com vocês, até o final, esse crime pai, não vai passar impune”, prometeu Vargas. 

Esse é o vereador Tiago Vargas. Foto: Tero QueirozEsse é o vereador Tiago Vargas. Foto: Tero Queiroz

“Nós pedimos apenas a prisão do abusador que, diretamente, matou nosso amigo. Nosso amigo ele se suicidou, porque ele foi vítima de violência sexual. Ele denunciou a agressão sexual e nada aconteceu com o abusador que continua solto até hoje, protegido por uma rede de pessoas influentes. Que seja necessário fazermos mil manifestações, nós fazemos, nós não vamos parar, nós não vamos parar de buscar Justiça por nosso amigo”, disse Guilherme.

Esse é Guilherme, consolando uma das vítimas de Leandro. Foto: Tero QueirozEsse é Guilherme, consolando uma das vítimas de Leandro. Foto: Tero Queiroz

Guilherme denunciou ainda que Leandro segue dando aula de capoeira em um projeto mantido pela deputada Rose Modesto. “Não sei como, continua sendo servidor público, dando aula em projetos da Rede Solidária, projeto criado pela deputada federal Rose Modesto, continua sendo pago com dinheiro público. Não sei como, um pedófilo, um doente, uma pessoa que tem tara por crianças continuar solto e lidando com crianças, isso não tem cabimento, isso não tem lógica”, completou Guilherme.