A Justiça de Mato Grosso do Sul absolveu sumariamente a artista boliviana Diana Alexandra Palacios Reynel, de 38 anos, que havia sido denunciada por crime ambiental após utilizar carcaças de animais em suas obras de arte. A decisão reconheceu que a conduta dela “é irrelevante para o direito penal”, encerrando o processo sem julgamento de mérito.
A acusação contra Diana foi feita em dezembro do ano passado, quando a artista, moradora de Bonito, foi autuada pela produção e venda de peças compostas por restos de animais, o que gerou ampla repercussão. Neste ano, o Ministério Público apresentou denúncia, mas o pedido foi rejeitado após atuação da Defensoria Pública.
Responsável pela defesa, a defensora pública Thaís Roque Sagin Lazzaroto, da 2ª Defensoria Pública de Bonito, argumentou que a atividade artística de Diana não representava ameaça à fauna. “Ela nunca capturou, matou ou encomendou a morte de qualquer animal. Seu trabalho propõe reflexão sobre sustentabilidade e reaproveitamento de resíduos biológicos”, sustentou.
A Defensoria reforçou ainda que a acusação se baseava em um enquadramento indevido, uma vez que a legislação ambiental nesse ponto visa combater o tráfico de animais e a exploração comercial predatória, o que não se aplica à atividade desenvolvida pela artista.
Reconhecida em Bonito por seu trabalho, Diana já participou de eventos oficiais com exposições públicas. Mesmo após a decisão favorável, ela relatou ter enfrentado preconceito e sofrimento. “Essa absolvição não apaga a dor vivida, mas a nomeia: transforma-a em dignidade recuperada”, disse.










