07 de maio de 2024
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Mulheres indígenas celebram Dia Internacional da Mulher

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As mulheres que trabalham na feira indígena da praça comendador Oshiro Takemori, próximo ao Mercadão Municipal, realizaram celebração do Dia Internacional da Mulher na manhã de hoje. Com danças e música, o evento contou com a presença do prefeito Gilmar Olarte e da primeira-dama e presidente de honra do Fundo de Apoio à Comunidade, Andréia Olarte.

A praça passa por obras de reestruturação, como a implantação de cercas, construção de mais um quiosque e ampliação do prédio existente no local, com alojamento, já que muitas das mulheres indígenas dormem no local. A praça também passa por adaptações para ser destaque no roteiro turístico de Campo Grande.

Homenagem – O prefeito Gilmar Olarte destacou o papel das mulheres, que há mais de 30 anos trabalham no local, para o sustento do lar e a criação dos filhos. “Elas dão amor, carinho e ainda cuidam de viajar e vender os produtos. Por isso, temos de olhar com atenção especial para esta praça”, explicou.

A primeira-dama da Capital, Andréia Olarte, foi a responsável pela atenção especial que a feira indígena recebe. Com a atuação da primeira-dama, foram disponibilizados colchões para as feirantes, enquanto o alojamento não fica pronto. O projeto prevê ainda a instalação de cercas em todo o complexo do Mercadão Municipal e praça; a construção de mais um quiosque para a venda de artesanato; ampliação e reforma do prédio já existente na praça, que passará a ter dormitórios, banheiros, cozinha e depósito para armazenamento de produtos.

Guerreiras – A feira funciona há mais de 30 anos, uma das primeiras índias a se instalar no local foi a terena Iracema Souza, 84 anos. A matriarca ainda participa da feira, acompanhada da filha Solange Barros, da aldeia Limão Verde, em Aquidauana (MS). “Chegou na quarta-feira e ficou até a segunda feira”, explica Solange. Para ela, as noites na feira são perigosas. “Como é tudo aberto, passam estranhos por aqui, dá uma sensação de insegurança”. A nova estrutura é aguardada pela feirante. “Ficará lindo e mais seguro para nossa feira”, comenta.

A presidente da Associação da Feira Indígena, Vanda de Albuquerque, da Aldeia Cachoeirinha, em Miranda (MS), revela que são quase 80 famílias que trabalham no local. “A maioria mulheres, guerreiras, sempre animadas para o trabalho e para cuidar da família”, conta. 
Segundo ela, é a primeira vez que uma primeira-dama dá atenção especial para a feira: “A nossa primeira-dama é muito especial e nos ouve e atende, junto do prefeito. Nunca tivemos esse espaço com a prefeitura, é muito bom”.

Da aldeia Bananal, em Aquidauana, a terena Felizbina Venâncio viaja de madrugada para vir vender seus produtos. Como não dá para fazer muitas viagens, ela dorme na feira. “Criei meus filhos aqui na feira, dormindo no chão. Estamos aqui há mais de 20 anos. Vai ficar lindo quando a obra estiver pronta”, comemora.

Dança – O grupo de dança da aldeia Água Bonita realizou apresentação durante a comemoração. A dança terena remete ao tempo da Guerra do Paraguai, onde guerreiros terena foram lutar para defender as terras brasileiras. Como a região da tribo foi invadida pelos paraguaios, as índias fizeram roupas de sacos para não ficarem nuas perto dos invasores. De acordo com o indígena Eliseu Lili, a dança celebra a volta dos guerreiros e homenageia aqueles que não voltaram.