Em 2017, o então deputado federal Jair Bolsonaro, em um vídeo, ironizou a inclusão de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), como a deputada Maria do Rosário, na "lista de Fachin" (investigações decorrentes da delação da Odebrecht). Ele disse uma frase que virou bordão entre seus apoiadores: “A Papuda lhe espera”.
Na gravação, Bolsonaro se dirigiu a Maria do Rosário, dizendo: “A Papuda lhe espera. Boa estadia lá, valeu? Um forte abraço”. Essa mesma deputada foi alvo de ofensas misógenas de Bolsonaro. Maria, porém, nunca foi presa. Assista:
Por otro lado, agora, 9 anos depois, é o próprio Bolsonaro quem está a caminho do Complexo Penitenciário da Papuda — conjunto de presídios localizado no Distrito Federal, onde cumprem pena criminosos comuns e também figuras públicas envolvidas em escândalos de corrupção.
Condenado nesta quinta-feira (11/9) pela Primeira Turma do STF a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro deve cumprir a pena inicialmente em regime fechado, o que, na prática, exigiria seu envio a uma unidade prisional.
Apesar da sentença, a prisão não será imediata. Segundo especialistas ouvidos pela imprensa, o ex-presidente só poderá ser preso de fato após o chamado trânsito em julgado, quando se esgotam todas as possibilidades de recurso.
A estimativa é que esse processo leve de algumas semanas a poucos meses, a depender da velocidade do STF em publicar o acórdão do julgamento e do número de recursos apresentados pela defesa — como embargos de declaração, que visam esclarecer eventuais omissões ou contradições na decisão.
Além disso, Bolsonaro pode tentar apresentar embargos infringentes, recurso que, em tese, permite nova análise do mérito da decisão, mas que só é aceito quando há ao menos dois votos divergentes — o que não ocorreu neste julgamento, em que apenas o ministro Luiz Fux votou pela absolvição.
Enquanto isso, o ex-mandatário inelegível segue em prisão domiciliar preventiva, com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa e de receber visitas sem autorização judicial.
O cenário futuro ainda é incerto, mas a possibilidade de Bolsonaro ser levado à Papuda — local que usou como ameaça política — já não parece mais uma hipótese tão distante.
A frase dita em tom provocativo em 2021 hoje ecoa com outra entonação: menos como bravata, mais como ironia histórica.











