19 de abril de 2024
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Confira na íntegra discurso de posse do governador Reinaldo Azambuja

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“Antes de qualquer outra palavra, devo confessar-lhes o sentimento de grande emoção que me toma nesta hora. Realiza-se aqui, agora, perante cada um de vocês, o mais grandioso sonho de um homem público – ter a honra e a responsabilidade de governar o seu povo. Governar para o seu povo e com o seu povo! Neste momento, torna-se impossível não olhar para trás, para a longa e difícil jornada que nos trouxe até aqui. Lembro-me bem!

Ainda era um jovem estudante, na Faculdade de Administração, aqui em Campo Grande, quando fui convocado a enfrentar o primeiro grande desafio de toda a minha vida: Assumir a frente dos negócios da família, com a doença e, depois, a perda do meu pai, cuja memória peço licença para homenagear neste momento simbólico.

Tenho certeza que ele estaria orgulhoso e comovido se estivesse aqui entre nós. Ali, enxergo agora, foi onde tudo começou. Posso ainda ouvir as palavras do seu Roberto e dona Zuzu: nada há nada mais importante, meu filho, do que o trabalho honesto.

Deles recebi o principal legado: valores e princípios que sempre estiveram presentes na vida de uma gente simples, comum, honrada e íntegra. Aprendi, naquele tempo, as lições que me acompanharam até agora, como prefeito, deputado estadual e federal, e agora, como governador do nosso Estado. Aprendi com eles que as palavras têm força. Que palavra empenhada é palavra cumprida.

Que compromisso assumido é compromisso realizado. Acreditamos que é sobre essas bases fundamentais que a política se torna uma das mais preciosas atividades humanas. Para tanto, basta ser exercida com sinceridade, seriedade e decência.

E principalmente estar voltada para o bem comum. Nesta direção, para nós, não há qualquer contradição entre política e ética. Entre política e honra. E é esta a política que sustentará e dará lastro a cada decisão, a cada projeto, a cada investimento do nosso governo.

Meus amigos,

Quero afiançar-lhes: carrego comigo a exata dimensão da minha alta responsabilidade como governador do Estado. Tenho consciência clara que o que moveu a decisão do nosso povo foi um indiscutível desejo de mudança. Mudança de estilo. Mudança de práticas. Mudança de prioridades.

Nós encarnamos esse sonho coletivo. E é nosso dever, a partir de agora, torná-lo realidade viva. A primeira mudança, crucial, será de estilo: é nosso compromisso colocar de pé um governo cidadão, que ouve, respeita e dialoga com a nossa sociedade organizada.

Não seremos jamais um governo ilhado nos gabinetes, que toma decisões no ar refrigerado, distante da realidade... um governo que faz o que quer, quando quer e para quem quer.

Vamos caminhar pelo Estado. Estimular um alto grau de participação. Mergulhar nos desafios de cada região e cidade e buscar, junto com as pessoas, novas saídas para antigos problemas... Problemas que se eternizaram. A segunda mudança de fundo diz respeito às práticas de governança.

Não seremos condescendentes com o compadrio e o danoso aparelhamento do estado, como se vê no plano nacional. Para reduzir custos e diminuir o cipoal de burocracia, decidimos enxugar as estruturas de direção, reordenar políticas e racionalizar processos.

E, como medida exemplar, decide cortar pela metade o meu próprio salário. Faremos um combate determinado, incessante, permanente à corrupção, mal do novo século. Não vamos tergiversar um só instante com desvios e a leniência, que servem a todos os interesses, menos ao interesse público.

Por isso ofereceremos aos cidadãos transparência total e em tempo real sobre os gastos do Estado. Não seremos, jamais, um governo que teme ser fiscalizado. Seremos um governo que cumpre prazos. Que buscará sempre o menor preço. E exigirá o justo retorno do dinheiro público investido.

E aqui abro um parêntesis para fazer a defesa do estado eficiente: o mínimo que os cidadãos esperam de nós, governantes, é transformar uma das mais altas cargas de impostos do mundo em serviços públicos decentes, de qualidade! O primeiro passo para isso é resgatar, do regime da incúria e do improviso, o valor do planejamento público, que literalmente morreu nesses últimos anos.

E este é um resgate mais do que necessário. Está nele guardada devidamente toda a nossa disposição para fazer a coisa certa. Gastar menos com a burocracia e o gigantismo do governo, para investir mais nas pessoas, na população.

A terceira grande mudança está no campo da definição de prioridades. É nosso compromisso tornar prioridade do nosso governo as prioridades dos cidadãos.

Isso nos levará, irremediavelmente, ao encontro daqueles que estão, há anos e anos, nas filas para o atendimento médico, para os exames, para as cirurgias e os remédios.

E aqui, mais uma vez peço a atenção dos senhores para anunciar como minha primeira decisão à frente do governo, a organização dos mutirões da saúde.

Queremos e vamos acabar de vez, imediatamente, com as filas da vergonha. Vamos fazer os mutirões em todo o estado e de forma imediata, tratando a ação como emergência pública, porque a vida das pessoas simplesmente não pode esperar pela boa vontade dos governos.

Da mesma forma, vamos ao encontro daqueles que buscam uma saída para seus filhos perdidos no mundo das drogas e não conseguem enxergar a responsabilidade do estado....

Não vamos assistir de braços cruzados a tragédia do aumento cotidiano da criminalidade que vemos nas ruas. Vamos estar ao lado daqueles que estão reféns da violência diária e se sentem prisioneiros dentro de suas próprias casas.

Mas vamos caminhar especialmente na direção dos mais pobres, dos que mais precisam e menos têm. Vamos oferecer a eles o principal ativo para o crescimento e a realização pessoal: uma educação transformadora, que projete um novo futuro. Mas vamos ousar mais! Como já anunciei, convoquei pessoalmente para gerir a área das políticas sociais a vice-gvernadora Rose Modesto.

E esta decisão, por si só, já dá a correta dimensão do nosso compromisso com este setor. Desenvolveremos uma ampla política social transversal para esta área, com a participação de todas as secretarias, para superarmos a desigualdade secular que se abate sobre a nossa gente.

Queremos incluir. Informar e formar. Habilitar uma nova cidadania. Esses são os ativos que nos permitirão, mais adiante, cumprir o nosso destino, sinalizado lá atrás, no momento da divisão e que acabou se perdendo pelos anos. Nosso desafio maior é este: retomar o curso da nossa história original.

Realizar o tão esperado novo salto de desenvolvimento e recolocar o Mato Grosso do Sul no lugar que ele merece. Esta mudança de patamar só será real, se baseada na realização das nossas grandes vocações históricas, muitas delas abandonadas até aqui. Para fazer tudo isso, seremos o governo das parcerias. Vamos parar de penalizar quem produz e quem gera riquezas, porque são essas riquezas que colocam à mesa das pessoas o pão de cada dia.

Precisamos ousar e remodelar o nosso próprio processo de desenvolvimento, para que ele se distribua de uma forma mais justa e equânime. E ao final alcance todos os cidadãos...

Nosso processo de desenvolvimento não pode permanecer concentrado em algumas poucas regiões, enquanto cidades inteiras do nosso interior morrem, sem qualquer alternativa... Faremos um governo que funciona.

Para isso, posso lhes garantir: custe o que custar, o dinheiro da educação vai chegar intocado nas escolas. O dinheiro da saúde, nos hospitais. O dinheiro da segurança nos nossos policiais, em sistemas inteligentes de combate ao crime, em programas de recuperação de apenados e prevenção à violência.

O dinheiro das obras de infraestrutura nos devolverá estradas mais seguras; ferrovias eficientes; e hidrovias capazes de cumprir o seu papel. À primeira vista, tudo isso parece óbvio, mas não é!

Como todos sabem, vivemos um trecho triste de história, em especial na área pública. Continuam em evidência uma profusão de escândalos em série e graves desvios de finalidade, que causam indignação e revolta.

São bilhões e mais bilhões se esvaindo pelo ralo da corrupção institucionalizada, que nos roubam preciosos recursos para obras e programas prometidos e aguardados há muito tempo e que nunca acontecem.

Chegou a hora de mudar tudo isso! Para tanto, ouso fazer-lhes aqui uma convocação: Vamos governar juntos! Acima dos partidos, das ideologias, dos grupos e dos interesses. Saibam todos: as portas do Executivo, no Parque dos Poderes, estarão sempre abertas à cooperação e à sinergia, sempre que estiver em jogo as causas do Mato Grosso do Sul.

Teremos uma rara oportunidade de construir, como é necessário, uma nova convergência de esforços, inteligência, ação política, recursos e novas ideias. A este respeito, peço licença para lembrar o grande estadista Milton Campos:

“Sempre haverá aqui um palmo de chão limpo onde podem se encontrar os homens e as mulheres de bem!”

Este será o espírito do nosso governo. Um governo sem ódio, sem ressentimento, mas consciente do seu dever. E ninguém fará por nós o que é nosso dever. Nós faremos! Muito obrigado a todos pelo apoio, pela solidariedade, pelas crenças e convicções na construção de um novo tempo. Um abraço fraterno a cada um dos nossos colaboradores e amigos.

Termino com um emocionado agradecimento à Fátima, meus filhos, meus irmãos, minha mãe, minha família: Sem eles, jamais seria quem sou hoje. E nenhum dos meus sonhos seria possível. Muito obrigado! Que Deus nos abençoe!".

Heloísa Lazarini