05 de dezembro de 2025
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CORAGEM DE OCASIÃO

Deputado bolsonarista só faltou pedir prêmio por crimes que praticou

Rafael Tavares pisa no próprio discurso e foge da responsabilidade tentando livrar-se da condenação

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O 16º deputado estadual mais votado de Mato Grosso do Sul, o bolsonarista Rafael Tavares (PRTB) cavou um buraco enorme e cada vez mais fundo, na tentativa de engabelar o Judiciário e anular a sentença a que foi condenado: dois anos, quatro meses e 15 dias de detenção por praticar crimés de ódio e preconceito, incitando a violência contra negros, japoneses e indígenas. Em 2018, numa rede social, Tavares bradou expressões cultivadas no ambiente bolsonarista com ataques preconceituosos e homofóbicos e ainda sugerindo o uso de violência contra aqueles segmentos humanos.

Na hora em que foi chamado à responsabilidade para se explicar aos tribunais, Tavares perdeu a pose de machão e passou a fugir. Não foi sequer à audiência marcada pela Justiça, inventando compromissos de última hora em Brasília. O artifício de fugir das responsabilidades ficou mais nítido com a atual estratégia de sua defesa, que na contramão do discurso negacionista e anti-Judiciário, quer sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF) para  livrar-se da sentença condenatória mediante um acordo com o Ministério Publico Estadual (MPE).

A condenação de Tavares, despachada pelo juiz Eduardo Eugênio Siravegna Júnior, da 2ª Vara Criminal, está entre as primeiras do gênero no Brasil com punição a crimes de ódio por raça e sexo. O recurso da defesa atesta mais uma contradição do parlamentar, porque se baseia no Pacote Anti Crime, tão atacado pelos bolsonaristas de extrema-direita. Só falta a este recurso solicitar um prêmio ao parlamentar do PRTB por ter defendido em suas postagens uma "limpeza étnica" relacionada aos negros, japoneses e gays.

Embora use do direito legítimo da apelação, exercendo seu amplo direito de defesa, o deputado pretende, com seu livramento, colocar panos quentes na história para abafar a gravidade dos crimes que cometeu. E ao argumentar que faz jus ao benefício do acordo por não ter precedentes, nem se dá conta que já foi condenado em outro processo.  

Por unanimidade, em instância estadual, a Justiça Eleitoral cassou seu mandato por infringência ao dispositivo da lei que obriga partidos políticos a preencherem totalmente a cota feminina nas chapas de candidaturas aos cargos proporcionais. O PRTB, partido de Tavares, descumpriu esta lei em 2022. Ele só está no cargo por força de liminar, até que o processo tenha sua deliberação em última instância.

FÃ DE HITLER

Deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) - Foto: ALEMSDeputado estadual Rafael Tavares (PRTB) - Foto: ALEMS

Rafael Tavares não é apenas um integrante da extrema-direita brasileira. Ele mesmo revela suas aptidões com inspiração nazista, como ocorreu ano passado, quando publicou em seu perfil no Facebook a postagem de agressão violenta a segmentos da sociedade que não tolera e nem admite a ewxistência. É o que sugere este texto, de sua autoria: "Não vejo a hora do Bolsonaro vencer as eleições e eu comprar meu pedaço de caibro pra começar meus ataques. Ontem nas ruas de todo Brasil vi muitas famílias, mulheres e crianças destilando seus ódios pela rua, todos sedentos por um apenas um pedacinho de caibro para começar a limpeza étnica que tanto sonhamos! Já montamos um grupo no WhatsApp e vamos perseguir os gays, os negros, os japonêses, os índios, e não vai sobrar ninguém. Estou até pensando em deixar meu bigode de Hitler”.