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MANIFESTAÇÃO

Panelaço 2º dia: egocentrismo do presidente levará ao fim sua gestão

Bolsonaro ataca Mandetta, e diz que ministério causa histeria na população

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EDITORIAL - Hoje (18, março) deve acontecer o segundo dia de panelaço contra as atitudes do presidente da república Jair Bolsonaro (sem-partido). A manifestação está marcada para às 20h. Ontem (17, março), ao menos 6 cidades brasileiras registram manifestações em prédios, casas e apês particulares. Isso, após Bolsonaro ter uma terça-feira de duras críticas. Liderou o trending topics, do Twitter. A #BolsonaroAcabou, depois de um haitiano criticar o presidente na entrada do Palácio da Alvorada. O vídeo se espalhou e voz do haitiano levou milhares de brasileiros à manifestar sua revolta em pleno caos causado pelo COVID-19, o novo coronavírus.

Conforme as principais manchetes brasileiras, registraram panelaços contra o presidente as capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.

Bolsonaro reagiu, no entanto sua reação saiu pela culatra. O primeiro a ser culpado pelo presidente foi seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que segundo Bolsonaro, está provocando histeria na população. O ministério camandado pelo sul-mato-grossense está desenvolvendo o melhor trabalho, distante dos outros ministérios de Bolsonaro. No entanto, o presidente cobrou Mandetta, para que ele participe das manifestações pró-governo, no domingo. Desde o ano passado, o perfil considerado excessivamente técnico de Mandetta incomoda ao núcleo ideológico do Governo. 

Notando a insatisfação pública, Bolsonaro tomou medidas, pela primeira vez efetivas, para barrar o crescimento dos casos de COVID-19 no Brasil. Ontem à noite, o presidente pediu ao Congresso Nacional que reconheça estado de calamidade pública. Mas, criticou as medidas adotadas pelos governadores, para conter os vírus nos estados que 'eles' governam.  

A economia desaba. Todas as linhas ideológicas frente ao mercado cobram do governo ampliação do gasto público com foco no trabalhador informal, que representa 41% dos ocupados.

Na semana passada, Bolsonaro caminhou na direção contrária do cargo que ocupa. Isso é, representante máximo de um País. O presidente, em sua costumeira posição de acusar sem provas, disse ter provas, dessa vez, contra a Justiça Eleitoral, de que ele teria sido eleito em primeiro turno em 2018, mesmo sabendo que o país está polarizado. E que tal acusação no momento nem o serviria de cortina de fumaça, como ele aprendeu a sempre falar "qualquer coisa", para lotar os noticiários e disfarçar a incapacidade e estagnação de sua gestão. 

Joel Pinheiro da Fonseca, economista, bacharel em filosofia e colunista, disse em uma de suas colunas, que até essa declaração de Bolsonaro contra Tribunal Superior Eleitoral, não era cogitada por Joel, a possibilidade de um processo de impeachment. No entanto, Bolsonaro, com seus discursos difamatórios contra todo e qualquer poder, assina a abertura do processo. “Foi, para mim, a gota d’água. O copo transbordou. Desde então, as indignidades de Bolsonaro só aumentaram. Para piorar, há evidências de que Bolsonaro acredita que a Covid-19 seja um plano chinês para prejudicar o Ocidente. Teorias da conspiração e pseudociência estão no posto mais alto da República. Não é à toa que vozes públicas, outrora apoiadoras, estejam se arrependendo publicamente. É o caso de Francisco Razzo, filósofo conservador. E também de Janaina Paschoal, em discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo”, opinou o economista.

A equipe de Bolsonaro fracassa, estando apenas Mandetta a frente de uma pasta que funciona e trabalhando politicamente dentro da lei. Mas, o presidente não reconhece o trabalho do ministro e pode acabar desgastando a relação. 

A falência administrativa de seu governo, a ineficácia da política econômica, e o impacto causado pelo coronavírus pode abrir os olhos de alguns seguidores de extrema-direita que insistem em não ver o óbvio: “novamente, o voto popular errou ao escolher seu representante”. 

Para minimizar as dores e tentar colher poucos que ainda o seguem, Bolsonaro poderia sim reagir politicamente com boas ações. Mas, não quer abdicar da política autoritária de antagonizar as instituições.

O mesmo cenário em que Bolsonaro se escora levou, desde os tempos do reinado Dom Pedro I, à renúncia ou deposição. Mas o presidente adota táticas defensivas.

Ao invés de atuar como presidente, entre em briga egocêntrica contra o parlamento; cerca-se de generais estrelados no palácio presidencial; e acena com o espantalho do autogolpe. Mas Maia e o Alcolumbre não querem impeachment agora. Querem Bolsonaro falando sozinho, perdendo credibilidade junto ao mercado, à sociedade civil e às forças armadas. Acreditam que, deixado a si mesmo, ele vai acabar enrolando o chicote em torno do próprio pescoço.

“O timing do impeachment só poderia ser o começo do ano que vem, depois das eleições municipais. Durante o recesso, eles mediriam o estrago da popularidade bolsonarista. Quando o presidente se der conta do cálculo dos adversários, vai tentar antecipar o impeachment para o quanto antes, enquanto ainda guardar popularidade. Um processo nessas condições lhe daria a oportunidade de jogar o único jogo no qual é mestre: o do tumulto e do caos. No centro das atenções, se colocaria como vítima para incitar a metade do país contra a outra, ameaçar fechar o Congresso a pretexto de contragolpe, e como sempre — o mais importante — jogar areia nos olhos de todos. Esta parece ser a situação do xadrez político HOJE. Pode-se argumentar que muita coisa vai acontecer no caminho. É certo. Mas é o juízo de probabilidade de que elas aconteçam que orienta os atores políticos. Então, essas coisas não só ‘acontecem’, como também ajudam a construir os caminhos.”, escreveu o Doutor em política, Christian Edward Cyril Lynch em sua conta na rede social Facebook.