27 de julho de 2024
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SEGURANÇA PÚBLICA

PRF-MS entra consciente em nova era de resgate institucional

Nomeação de novo superintendente garante uma força para servir à sociedade e não a governos ou partidos

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O campo-grandense João Paulo Pinheiro Bueno, de 43 anos, formado em Engenharia Civil, é o novo superintendente regional da Polícia Rodoviária Federal (PRFMS), da qual é servidor de carreira desde 2012. Sua escolha teve entre os fatores determinantes o currículo de um agente aprovado em todas as tarefas e missões que lhe foram confiadas, como a chefia da delegacia de Campo Grande e do Serviço de Operações. Além disso, pesaram favoravelmente seus conceitos sobre o papel institucional da PRF, que a seu ver precisa ser uma força de Estado e não de governo ou de partido político.

Nestes primeiros dias como superintendente, Bueno alinha as diversas agendas e responsabilidades de sua alçada, com atividades em Mato Grosso do Sul e Brasília, principalmente. Alguns compromissos ele faz questão de citar, entre elas a parceria com a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para ações com os indígenas de Dourados. "Faremos uma jornada de conscientização sobre direitos humanos, violência de gênero, por exemplo. Temos uma carreta do chamado Cinema Rodoviário, que é muito útil para intervenções dessa natureza", explica.

Bueno procura ampliar ao máximo a capacidade de articulação e de construção de parcerias institucionais e sociais do órgão. Em poucos dias de investidura, além da Sejusp, ele já esteve com outras autoridades, entre elas o superintendente regional da Polícia Federal (PF), Agnaldo Mendonça Alves. "É um esforço no sentido de somar, de ter o máximo de forças empenhadas em projetos e ações com objetivos comuns à sociedade".

Para ele, a decisão do presidente Lula de trocar o comando nacional e todas as superintendências estaduais da Polícia Rodoviária Federal figurava entre as prioridades administrativas de início de gestão. As mudanças, já operadas, foram adotadas para garantir objetivos fundamentais, entre eles o resgate da instituição como força de Estado, e não de governos ou partidos políticos. "Trata-se de um resgate necessário não só para a corporação, mas atende uma expectativa geral da sociedade e do estado democrático de direito", assinala. "Somos uma força responsável, temos tradição de respeito e confiança junto à sociedade. E isso precisa ser resgatado".

CAPRICHOS 

Durante quatro anos (de 2019 a 2022), o governo de Jair Bolsonaro (PL) fez da PRF um organismo a serviço de seus caprichos ideológicos e de poder. Com seu efetivo submetido a cumprir papéis contraditórios e alheios às suas atribuições, nesse período a PRF atuou desfigurada conceitualmente e caiu em algumas armadilhas episódicas. Foi o que ocorreu, por exemplo, em dezembro e janeiro, na vergonhosa omissão colaborativa dos ex-chefes da força, que não preveniram nem reprimiram as agressões praticadas contra a democracia no Distrito Federal.

MUDANÇA 

O insp J. Bueno como superintendente regional da PRF-MS. Foto: ReproduçãoO insp J. Bueno como superintendente regional da PRF-MS. Foto: Reprodução

Bueno está convicto: a PRF vai mudar a imagem e deixar no passado os dias tristes que protagonizou, inclusive corrigindo e reparando resultados de sua ausência. Ele menciona a presença maciça do efetivo juntamente com o Ibama e o Ministério Público Federal para socorrer os índios yanomami e combater o garimpo e outras atividades ilegais. Conta, com orgulho, que 15 agentes da PRF de Mato Grosso do Sul foram chamados para participar das operações em Roraima.

A nomeação é tradicionalmente política. Contudo, no governo atual, este detalhe não é mais uma condição gerencial da instituição. Ao contrário do que se fazia antes, Bueno não foi indicado pelo sindicato da categoria, que na gestão anterior rezava na cartilha do bolsonarismo. Seu nome teve o aval da bancada federal de Mato Grosso do Sul, coordenada pelo deputado federal Vander Loubet (PT), e do governador Eduardo Riedel (PSDB). O superintendente, todavia, assegura que não haverá omissão, privilégio ou retaliação nas intervenções da PRF.

"A lei e a sua aplicação impõem igualdade no tratamento a ser dado a todas as pessoas", define. Uma expressão que Bueno gosta de sublinhar ao referir-se ao resgate institucional e conceitual da PRF: "Vamos voltar a ser uma polícia-cidadã, acreditada, sem contaminação política ou ideológica. Nossa obrigação é dar proteção aos cidadãos e cidadãs, é zelar pela cidadania e pelos direitos de toda pessoa".