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BARBÁRIE | CAMPO GRANDE (MS)

Achada em putrefação na cozinha, Luciana é a 6ª vítima de feminícidio em 7 meses

Esposo manteve o corpo dela 4 dias na casa onde viviam na Júlio de Castilho, na Capital

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A Delegada de Polícia Elaine Cristina Ishiki Benicasa (foto), titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), confirmou que o açougueiro Inácio Pessoa Rodrigues, de 47 anos, é o 6º homem preso por feminícidio nesses 7 meses de 2022 em Campo Grande (MS). 

Inácio matou a esposaLuciana de Carvalho, de 45 anos, a facadas, na noite da quinta-feira (28.jul.22), na casa onde viviam de aluguel na Avenida Júlio de Castilho, Vila Sílvia Regina, na Capital. O corpo estava há 4 dias no local, enquanto Inácio — considerado pela delegada um homem 'frio' — levava uma vida normal. 

"Ele é frio, não demonstrou arrependimento em nada", explicou Benicasa em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira (2.ago.22), quase uma semana após o crime.

"A Polícia Militar compareceu ao local e em conversas com os vizinhos, perceberam, no momento que a PM se encontrava ali, junto com a Perícia, que o autor passava de bicicleta em frente a casa. Momento em que os vizinhos acusaram — aquele alí é o convivente da vítima. E logo em seguida a PM foi atrás, ele tentou empreender fuga, mas foi preso", narrou a delegada. 

Segundo a titular, Inácio foi preso em flagrante por ocultação de cadáver e também responderá por  por feminicídio consumado. "Provavelmente ele passará por audiência de custódia na data de amanhã", completou.  

Ouvido no momento da prisão, Inácio disse que a mulher tentou agredi-lo antes com a faca, mas ele teria conseguido tomar a arma dela, ela correu e ele diz que desferiu dois golpes: um no pescoço e um nas costas. "Mas a certeza de quantos golpes ele desferiu, só vamos ter após o laudo pericial", observou a delegada.  

Ainda segundo Benicasa, Inácio vivia uma vida "normal" após o feminicídio. Ia ao serviço, voltava, enquanto o cadáver de Luciana entrava em estado de putrefação dentro da cozinha.

CORPO 

A PM disse que o cadáver de Luciana em putrefação foi encontrado perto do botijão sendo consumido por moscas. No imóvel, havia um rastro de sangue que ia do quarto até a cozinha, como se a vítima tivesse se arrastado ou indicando que o autor arrastou o corpo após matar a esposa.  

Foi o dono da vila de kitinets — um homem de 66 anos — que acionado por inquilinos vizinhos que reclamavam do forte odor que vinha da casa de Inácio e Luciana, abriu o imóvel com uma chave reserva, localizando o corpo, num cenário de terror.  

VIDA CONTURBADA

A vítima e o autor estavam amasiados há pelo menos um ano em um  "relacionamento conturbado". Em fevereiro de 2022, Luciana havia feito registro de boletim de ocorrência por injúria e vias de fato, solicitando medida protetiva.

Na denúncia de fevereiro, Luciana narrou que estava convivendo com o homem há cinco meses e que, após um churrasco, ele teria apertado o seu pescoço e dado tapas no seu rosto. O homem ainda a teria xingado de ‘filha da p*’. Nesse dia, a vítima pediu por medidas protetivas e requereu que Inácio deixasse a residência do casal.

Em março, Luciana chamou a polícia até a sua casa, alegando aos policiais que estava se separando e que o marido estava 'insistindo em ficar na sua casa'. Ela pediu aos PMs, porém, que Inácio fosse para outro local. Naquele dia, Inácio comprometeu-se em ir para outro imóvel. 

"Mas tudo indica que eles retornaram ao convívio", esclareceu Benicasa.

Há 1 mês, conforme Benicasa, Inácio também registrou um boletim de ocorrência na Deam contra a esposa, por injúria. No relato, disse à polícia que Luciana constantemente o agredia e o xingava.

ALARMANTE

Benicasa respondeu ao MS Notícias que o número de feminicídios, de janeiro a julho de 2022, já superou a média regular de Campo Grande. Ela alertou que de 2015 a 2021, a média era de 5 a 8 mortes por ano na cidade. Nos primeiros 7 meses desse ano 7 mulheres perderam suas vidas para a violência masculina.