25 de abril de 2024
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Sistema Ineficaz

Morte de agente completa um mês e servidores reclamam de insegurança

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O clima é tenso dentro dos presídios de regime aberto e fechado em Campo Grande e em todo Mato Grosso do Sul, conforme relatam agentes penitenciários que trabalham nos complexos do Estado.

O Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado, que fica na Vila Sobrinho, tem sido alvo de reclamações e denúncias por parte de servidores, após a morte do agente Carlos Augusto Queiroz de Mendonça de 44 anos, assassinado dentro presídio há um mês.

Um agente que trabalha no local, que preferiu não se identificar, contou ao MS Notícias que no último final de semana havia somente um servidor para cuidar de 431 internos do local. “Hoje nossa situação é uma aberração total. É uma desumanidade com o agente penitenciário. Não tem condições de trabalhar. É um abandono por parte do Governo do Estado. É um sistema ineficaz. Bagunça total. O sistema prisional não está fazendo o papel de ressocialização. Queremos melhores condições de trabalho, pois os agentes estão com medo de trabalhar, estão aterrorizados e muitos com atestado médico por conta de problemas psicológicos”, desabafou o agente.

O servidor conta ainda que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) prometeu mudar a realidade precária dos agentes com instalação de novas câmeras de monitoramento, armamento dos servidores, alteração da rotina de trabalho, mas nada foi cumprido até agora.

“Só instalaram as câmeras, mas não adianta, pois existem seis cadeados para abrir a todo o momento no presídio. Prometeram um raio- x (detector de metal), mas nada foi feito. Os internos entram lá de capacete e bolsa, podendo estar armados e nós somente com apito e um colete de pano. Lá dentro tem de tudo, até o PCC. É uma verdadeira escola do crime”, reclamou o servidor.

Concurso Público - Em reposta às reivindicações dos agentes penitenciários, o governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), prometeu maior efetivo para a categoria. “Nós vamos abrir concurso porque tivemos um aumento em oito anos de praticamente seis mil presos. Então a gente entende que o Estado precisa atender essa demanda e vamos abrir concurso público para trazer o número de agentes necessários para um bom atendimento do setor penitenciário. Nós temos um baixo efetivo e essa reposição de agentes tem que ser feita por concurso público. Estamos autorizando novas diárias até para poder complementar essa carga horária, mas isso não é suficiente, o que pode suprir essa demanda é o concurso público que vai ser autorizado para atender essas vagas que estão deficitária”, disse Azambuja.