26 de abril de 2024
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"REI DA FRONTEIRA"

Com saúde debilitada, Fahd Jamil se entrega para tentar prisão domiciliar

Advogado disse que cliente conta com o benefício; Fahd é considerado pelos EUA um dos maiores traficantes de drogas do mundo; ele diz ser perseguido por ciminosos e que é "sustentado pelos filhos"

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Conhecido como "Rei da Fronteira", Fahd Jamil se entregou à polícia na manhã desta segunda-feira (19. abril), no Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande. 

Ele era procurado há quase 1 ano sob a acusação de vários crimes, entre eles tráfico de drogas, homicídio e organização criminosa. 

De acordo com o advogado de defesa, Fhad se entregou porque está com a saúde debilitada. “E tentará prisão domiciliar”, disse André Borges. 

A prisão domiciliar está prevista no artigo 117 da Lei de Execução Penal (LEP). É destinada à presos já condenados, que estejam em regime aberto e se enquadrem em algumas das seguintes situações do Art. 117.

Fahd foi condenado em 2005, por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e sonegação.  Mas um dia antes do mandado de prisão, fugiu para o Paraguai.  Em 2006, Fahd entrou em uma lista elaborada pelos Estados Unidos como um dos maiores traficantes de drogas do mundo.

Conhecido também como “Padrinho” era considerado foragido, depois de mandado de prisão em decorrência da Operação Omertà, desencadeada em 2019.

Mas, devido a seu poder e influência política com alta cúpula de militares, em 40 anos de comando do tráfico na fronteira do Brasil com Paraguai, Fahd foi preso uma única vez, no Paraná, e solto logo em seguida, por ser amigo do então governador do Estado, Pedro Pedrossian.

Atualmente são três ações que pesam contra Fhad, uma por corrupção ativa, outra por crimes contra o sistema nacional de armas e a última pelo homicídio do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, de 62 anos. O fuzilamento ocorreu numa emboscada na Avenida Guaicurus, em Campo Grande, no dia 11 de junho de 2018. Na ocasião, o suspeito teria mandado matar em vingança pelo sumiço de seu filho mais velho, Daniel Alvarez Georges, o "Danielito", dado como desaparecido aos 42 anos, em 2011 e considerado morto em 2019. O corpo nunca foi encontrado.

Hoje, aos 80 anos de idade, em meio a uma pandemia e debilitado, esse foi o melhor cenário visto por ele para se entregar.  

Ao anunciar que se entregaria, Fahd enviou uma carta declarando-se inocente, alegando que sempre colaborou com a segurança na região de fronteira entre Brasil e Paraguai. Veja a íntegra da carta abaixo: 

Carta entregue á Polícia

O documento foi entregue à Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras). 

A delegacia explicou que o preso aguarda vaga no sistema penitenciário estadual.