26 de julho de 2024
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CAMPO GRANDE (MS)

Família que matou pecuarista Andreia é condenada a 72 anos de prisão

Pecuarista foi esganada pelo cunhado de sua doméstica

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A família acusada de matar a pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, foi condenada a pena total de 72 anos de prisão. A sentença foi publicada em 30 de maio.

O crime aconteceu em 28 de julho de 2022, quando Andreia foi encontrada morta em sua casa, num condomínio na Rua Nossa Senhora das Mercedes, Parque Cachoeira, em Campo Grande (MS).

A 5ª Vara Criminal de Campo Grande deicidiu pelas seguintes penas:

  • Pedro Benhur Ciardulo - 20 anos de reclusão e 10 dias-multa;
  • Jessica Neves Antunes - 24 anos de reclusão e 12 dias-multa; e, 
  • Lucimara Rosa Neves - 28 anos de reclusão e 14 dias-multa.

Todos terão de cumprir as penas em regime fechado sem substituição. Eis a íntegra.  

O CRIME

Da esquerda para a direita:  Andreia Aquino Flores, de 38 anos, Lucimara Rosa Neves, de 43 anos e Jéssica Neves Antunes, de 24 anos. Fotos: Redes Da esquerda para a direita:  Andreia Aquino Flores, de 38 anos, Lucimara Rosa Neves, de 43 anos e Jéssica Neves Antunes, de 24 anos. Fotos: Redes 

Andreia foi assassinada com um mata-leão desferido por Pedro, 23 anos, que foi chamado para ser a força bruta de um plano de falso roubo arquitetado pela sua cunhada, Lucimara, 43 anos. Lucimara trabalhava na residência de Adreia e também contou com ajuda da filha, Jéssica, de 24 anos. A intenção era obter a quantia de R$ 20 mil que deveria ser exigida da vítima mediante transferência bancária PIX no momento do crime. Entretanto, as coisas saíram do controle após a pecuarista reagir (entenda abaixo).  

VERSÃO FANTASIOSA

Mostramos aqui no MS Notícias, que todas as informações dadas após o crimes eram “hipóteses”, de que Andréia teria sido espancada e morta por dois criminosos que invadiram o condomínio de luxo após fazer as funcionárias reféns. Essas informações foram passadas pelas próprias funcionárias que ontem eram "supostas sobreviventes".  

Mãe e filha narraram à polícia, incialmente, que haviam sido rendidas por dois criminosos ao irem ao mercado fazer compras usando o carro da patroa. Disseram que quando retornaram com as compras e entraram no veículo, no banco de trás, havia dois homens que lhes apontaram uma faca e mandaram que elas “seguissem até a casa da patroa”. Assim, os homens teriam entrado sem problemas no condomínio para cometer o alegado crime.  

Porém, o delegado Francis Flávio Freire, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), disse que as suspeitas, na verdade, convidaram o cunhado de Lucimara para simular o assalto.  

Mãe e filha já haviam levantado suspeitas no dia do crime, quando em depoimento, não souberam esclarecer como a porta do veículo foi aberta para que os supostos 2 criminosos já estivessem lá dentro quando elas retornaram com as compras.  

Durante investigações, a polícia descobriu por meio de imagens de câmera de segurança que as próprias funcionárias da vítima abriram a porta do veículo, com um controle remoto. Confrontadas sobre a versão “fantasiosa”, as mulheres acabaram assumindo o crime.

CRONOLOGIA

Na verdade, segundo a polícia, a dinâmica do crime foi a seguinte:

  • As funcionárias chegaram entre 6 e 7h para trabalhar no dia 28 de julho e encontraram Andreia embriagada ainda acordada.
  • Elas fizeram limpeza na casa e na sequência, pouco depois da 9h30, avisaram que iriam ao atacadista realizar compras para a casa da patroa.    
  • Mãe e filha foram ao atacadista na Rua Marquês de Lavradio — a 7 minutos do condomínio — e fizeram compras de fato, no valor de R$ 786,69 pagos no cartão de uma delas depois que a patroa havia feito Pix de R$ 1 mil. A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa às 10h16.
  • Elas, então, levaram os produtos até o carro no estacionamento, foi quando o cunhado embarcou. Depois disso, o trio seguiu em direção ao condomínio.
  • No trajeto, os suspeitos passaram numa loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar uma arma de brinquedo que seria usada na encenação.
  • Na sequência, o trio parou em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiu para o condomínio.
  • Ao chegarem, dentro do condomínio de luxo, os primeiros a entrarem foram Pedro e Jéssica, essa última fingindo estar refém de Pedro.
  • Embriagada, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. "Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu", narrou as suspeitas em depoimento. 
  • Diante disso, o corpo da patroa foi levado para o 1º andar do imóvel. Momento em que Lucimara ainda disse ter tentando reanimar a patroa, jogando "água no rosto dela".
  • Sem sucesso na ressuscitação, Lucimara levou o assassino até a casa dele no Tiradentes, voltou para a residência da patroa e junto com a filha, passou a pedir ajuda, tendo encontrado um vizinho.  
  • O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 12h. 
  • Às 12h20 da quinta (28.jul), o caso passou a ser considerado latrocínio. 

SAIU DO CONTROLE

O objetivo, disseram elas, era ‘apenas simular o roubo’ para que Andreia fizesse a transferência do dinheiro, mas a pecuarista reagiu e acabou sendo enforcada pelo cunhado de Lucimara.  

“A ideia do planejamento era fazer com que a vítima realizasse no momento do assalto, uma transferência bancária, um pix, de aproximadamente R$ 20 mil, a vítima teria reagido, as coisas saíram do controle e o rapaz acabou matando a vítima mediante esganadura”, explicou o delegado.

A arma de brinquedo foi encontrada na bolsa de Jéssica. Mãe e filha, que segundo Freire, eram muito próximas da vítima – inclusive, Andreia era madrinha do filho de Jéssica – foram presas por latrocínio. O cunhado, na época ficou foragido, mas acabou preso.