A GTX Construtora e Serviços LTDA, que executa obras públicas em Bataguassu (MS), é alvo de buscas na manhã desta 6ª.feira (24.abr.24), no âmbito da Operação Jazida, deflagrada pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
Mais de R$ 1 milhão de bens foram bloqueados e impostas restrições em cerca de 20 veículos que pertencem aos sócios e as empresas, Ivan Felix de Lima e Rodrigo Gomes da Silva.
Os crimes teriam sido praticados com superfaturamento de contratos para asfaltamento da Reta A1, no Distrito de Nova Porto XV.
A rodovia teve obras iniciada no início do ano de 2022 e até hoje, ainda não foi concluída. “Foi identificada fraude no que tange à extração de terra utilizada na obra”, disse o Dracco.
A cidade é gerida pelo prefeito Akira Otsubo (MDB) que já promoveu mais de R$ 5 milhões em aditamentos no contrato original da empresa, sem que a obra tenha sido entregue.
Durante as diversas diligências realizadas pela equipe policial no local, ao longo das investigações, não havia nenhuma obra em andamento.
Com um valor inicial licitado de R$ 3,6 milhões, a obra se encontra paralisada, faltando quase 800 metros para ser pavimentada e está há mais de 6 meses abandonada.
JAZIDA SUPERFATURADA
De acordo com o Dracco, a empresa escavou e retirou volumes expressivos de terra numa jazida irregular de propriedade privada, localizada próxima à obra. “É possível visualizar a jazida irregular até mesmo por imagens de satélite, o que demonstra o volume de terra extraído do local”, anotou a corporação.
Conforme a perícia realizada, foram extraídos cerca de 14.300m³. A terra deveria ter sido extraída de uma jazida regular, localizada no município. Situação que gerou um superfaturamento do contrato de, ao menos, R$ 728.544,65. Além de constar no contrato a extração de terra na jazida regular, que deveria ser adquirida, a empresa ainda cobrava pelo transporte do material, como se estivesse retirando no local previsto, que fica a mais de 20 km de distância, conforme previsto no orçamento.
Para o aprofundamento das investigações, foram representadas por medidas cautelares que tiveram como alvo a empresa investigada e seus respectivos sócios. Os mandados foram cumpridos na cidade de Campo Grande e buscam elementos de prova que possam contribuir para esclarecer os fatos.
Em especial, busca-se analisar todas as circunstâncias da contratação da empresa pela Prefeitura, apurando também possíveis irregularidades cometidas por servidores públicos que participaram dos atos.
LICITANTE EM MS
A GTX, como já anotamos aqui no MS Notícias, é gerida por Ivan e tem contratos na ordem de R$ 100 milhões em todo o estado, com recursos oriundos principalmente de emendas do senador Nelsinho Trad (PSD). Somente em Bataguassu, a empresa abocanhou um contrato de R$ 3 milhões para obras no bairro A-1 até a área de lazer Toca do Peixe, em Bataguassu.
A GTX é uma das acusadas da Operação Pregão (2020), suspeita de integrar esquema de fraude licitatório num contrato de R$ 18 milhões em Dourados (MS).
Um dos donos da GTX, Ivan Félix, é conhecido como o “Rei dos Bitcoins” e investigado desde 2018 suspeito de ser um dos líderes da empresa de pirâmide (Mineworld) – uma máfia das pirâmides de bitcoin – desmantelada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
LIBERADO PARA LICITAR
Ivan voltou a ter o direito de contratar com o Poder Público em novembro de 2021, mesmo respondendo ação judicial por crimes contra os cofres públicos e contra a sociedade.