06 de maio de 2024
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OPERAÇÃO JAZIDA

GTX Construtora é alvo da Dracco por levar R$ 5 milhões a mais em Bataguassu

Mais de R$ 1 milhão de bens foram bloqueados e impostas restrições em cerca de 20 veículos

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A GTX Construtora e Serviços LTDA, que executa obras públicas em Bataguassu (MS), é alvo de buscas na manhã desta 6ª.feira (24.abr.24), no âmbito da Operação Jazida, deflagrada pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

Dracco faz buscas na casa de alvos da Operação Jazida. Foto: Polícia CivilDracco faz buscas na casa de alvos da Operação Jazida. Foto: Polícia Civil

Mais de R$ 1 milhão de bens foram bloqueados e impostas restrições em cerca de 20 veículos que pertencem aos sócios e as empresas, Ivan Felix de Lima e Rodrigo Gomes da Silva.

Os crimes teriam sido praticados com superfaturamento de contratos para asfaltamento da Reta A1, no Distrito de Nova Porto XV. 

A rodovia teve obras iniciada no início do ano de 2022 e até hoje, ainda não foi concluída. “Foi identificada fraude no que tange à extração de terra utilizada na obra”, disse o Dracco.

A cidade é gerida pelo prefeito Akira Otsubo (MDB) que já promoveu mais de R$ 5 milhões em aditamentos no contrato original da empresa, sem que a obra tenha sido entregue. 

Obra da Reta A1 ainda não finalizada, investigada por superfaturamento.Obra da Reta A1 ainda não finalizada, investigada por superfaturamento.

Durante as diversas diligências realizadas pela equipe policial no local, ao longo das investigações, não havia nenhuma obra em andamento.

Com um valor inicial licitado de R$ 3,6 milhões, a obra se encontra paralisada, faltando quase 800 metros para ser pavimentada e está há mais de 6 meses abandonada.

JAZIDA SUPERFATURADA

De acordo com o Dracco, a empresa escavou e retirou volumes expressivos de terra numa jazida irregular de propriedade privada, localizada próxima à obra. “É possível visualizar a jazida irregular até mesmo por imagens de satélite, o que demonstra o volume de terra extraído do local”, anotou a corporação. 

Conforme a perícia realizada, foram extraídos cerca de 14.300m³. A terra deveria ter sido extraída de uma jazida regular, localizada no município. Situação que gerou um superfaturamento do contrato de, ao menos, R$ 728.544,65. Além de constar no contrato a extração de terra na jazida regular, que deveria ser adquirida, a empresa ainda cobrava pelo transporte do material, como se estivesse retirando no local previsto, que fica a mais de 20 km de distância, conforme previsto no orçamento.

Para o aprofundamento das investigações, foram representadas por medidas cautelares que tiveram como alvo a empresa investigada e seus respectivos sócios. Os mandados foram cumpridos na cidade de Campo Grande e buscam elementos de prova que possam contribuir para esclarecer os fatos.

Em especial, busca-se analisar todas as circunstâncias da contratação da empresa pela Prefeitura, apurando também possíveis irregularidades cometidas por servidores públicos que participaram dos atos.

LICITANTE EM MS

A GTX, como já anotamos aqui no MS Notícias, é gerida por Ivan e tem contratos na ordem de R$ 100 milhões em todo o estado, com recursos oriundos principalmente de emendas do senador Nelsinho Trad (PSD). Somente em Bataguassu, a empresa abocanhou um contrato de R$ 3 milhões para obras no bairro A-1 até a área de lazer Toca do Peixe, em Bataguassu.

A GTX é uma das acusadas da Operação Pregão (2020), suspeita de integrar esquema de fraude licitatório num contrato de R$ 18 milhões em Dourados (MS).

Um dos donos da GTX, Ivan Félix, é conhecido como o “Rei dos Bitcoins” e investigado desde 2018 suspeito de ser um dos líderes da empresa de pirâmide (Mineworld) – uma máfia das pirâmides de bitcoin – desmantelada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

LIBERADO PARA LICITAR

Ivan voltou a ter o direito de contratar com o Poder Público em novembro de 2021, mesmo respondendo ação judicial por crimes contra os cofres públicos e contra a sociedade.