26 de abril de 2024
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‘Doctor Who’ completa cinco décadas em episódio exibido também no cinema

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Na época em que mortos-vivos e vampiros ainda não povoavam tanto a televisão ao redor do planeta, Doctor Who já passava os episódios lutando com criaturas medonhas. Apesar da concorrência nos últimos anos, o personagem-título da série britânica – a mais longeva da história, de acordo com o Guinness – sobreviveu ao tempo e comemora os 50 anos no ar com um especial marcado para o próximo sábado, às 17h50, exibido pelo canal BBC HD, no Brasil.

Batizado de The Day of the Doctor, o programa de 75 minutos de duração será transmitido globalmente pela TV e nas salas de cinema 3D de cinco shoppings de São Paulo. O especial falará sobre as origens do protagonista, um alien com aparência humana que transita pelo tempo e pelo espaço para impedir ataques em civilizações distintas.

Para o episódio, foram escalados os atores Matt Smith e David Tennant, respectivamente os intérpretes do 11.º e do 10.º Doctor Who ao longo das cinco décadas. Além da dupla, há a participação especial de John Hurt, que também representará uma das múltiplas encarnações do ícone inglês. Quem ficou de fora da produção foi Peter Capaldi, anunciado este ano como o novo rosto do personagem.

Apesar do título de série há mais tempo no ar, Doctor Who foi interrompida em 1989 e só retornou à grade da BBC no mesmo formato em 2005. No intervalo, um telefilme foi exibido para que os fãs matassem a saudade. Mesmo com longo período fora do ar, a atração não perdeu seus admiradores.

“Temos um público ativo, há muita gente da minha geração ou mais velha que cresceram assistindo. Quando voltou em 2005, veio um novo público e houve uma combinação das duas audiências. Os mais antigos são leais ao Doctor com que cresceram”, aposta Mark Gatiss, 47 anos, um dos roteiristas da série.

Fã do personagem desde a infância, Gatiss foi um dos responsáveis por trazer Doctor Who de volta à TV. Nascido no Reino Unido, ele acredita que o herói ainda faz sucesso entre seus conterrâneos porque o público se identifica com suas atitudes. “Acho que é popular porque é bem britânico e celebra o melhor de nós. O Doctor é um alien, mas é bem humano. Ele não gosta de injustiça, não gosta de coisas contra as quais nós lutaríamos. Além disso, é uma criação original para a TV, não é uma adaptação, como um Sherlock Holmes. E ainda há a nave e o fato de ele mudar de rosto”, explica Gatiss, também autor dos textos de uma série sobre Holmes.

O roteirista criou ainda uma dramatização de histórias da criação de Doctor Who,prevista para ir ao ar na matriz da BBC esta semana. Segundo ele, a memória sobre sua série favorita está tão fresca que não foi preciso muita pesquisa. “Era como uma história contada na hora de dormir. Eu queria mostrar isso para um público maior, pois há muitos detalhes, No dia seguinte ao primeiro episódio, por exemplo, Kennedy foi baleado”, disse ao Estado por telefone.

Para ele, o excesso de séries com monstros e temas sobrenaturais atualmente no ar é parte de um ciclo. “Quando eu era pequeno, havia muita ficção científica na TV. Depois, foi a vez dos dramas policiais e médicos. Um tempo depois, não havia nada. É uma moda que vai e vem. Acho que os vampiros estão populares por causa do que os bancos fazem conosco”, faz graça.

Gatiss afirma que a figura do Doctor Who se mantém no interesse do público porque se enquadra no rol de outros heróis populares. “Isso tem a ver com a falta de fé nas leis tradicionais, por isso, as pessoas querem um super-homem para resolver tudo. Profundo, né?”, diverte-se.

Para ele, a série inglesa tem um viés educativo. “Nos últimos anos, usaram o programa para chamar a atenção de crianças e pais sobre o meio ambiente. Dá para ser assim sem ficar pregando ideias, é possível ser mais indireto ao dar a mensagem”, opina. ComoDoctor Who passeia por diferentes regiões do planeta, Gatiss avisa que o protagonista pode vir ao Brasil. “Adoraria. Em 1964, houve uma história na América do Sul. Está na hora de ele voltar. Se ele não for, eu pelo menos vou.”

Agência Estado