24 de abril de 2024
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POEMA

Dias iguais: poema do jornalista e escritor às mães

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Hoje é um dia igual aos outros.

É o dia que a folhinha da história dedica às mães.

Mas eu continuo dizendo que é um dia igual aos outros.

Porque minha mãe é igual às outras.

É a mãe mais linda, mais bondosa, mais virtuosa que existe no planeta.

Mas é uma mãe igual às outras.

Só que minha mãe é única.

Ela é mãe, é pai, é irmã, é irmão, é vizinha, é médica, é curandeira, é operária.

Minha mãe é a rainha do lar, é a dona da pensão, é a encrenca do papai.

Ah, minha mãe é a cantora do rádio, a estrela da TV, a vedete do teatro.

Minha mãe coroinha, rezadeira, padre, freira, pastora, missionária.

Mãe mulher trabalha fora e volta pra casa no leva-e-traz da liberdade

Mamãe que não cala a boca da voz levantada contra a injustiça e o desamor

Mamãe que me deu de mamar

Mamãe que me fez dormir cantando nana nenê.

Mamãe que me deu chinelada batendo sem bater e que doía sem doer.

Mas hoje é um dia igual aos outros porque minha mãe é igual as outras.

Por isso ela é única.

Porque ela me ensinou que todos os seres humanos são iguais.

Todo mundo erra, todo mundo acerta.

Por isso todo mundo deveria pedir perdão

E todo mundo deveria ser igual mamãe: estar sempre pronto para perdoar

Porque o perdão nasce do amor e, sendo assim, o amor é a mãe das virtudes

É do amor que nasce tudo o que podemos ser de bons, de generosos, e humildes

É do amor que se alimenta a verdade e é no amor que se refresca a liberdade!

É no amor que nos conhecemos no mistério da criação!

É mais um dia na folhinha, igual aos outros.

E os dias todos serão sempre assim, como são as mães

Umas iguais às outras

Porém, todas únicas na arte sagrada de dividir-se em dez, em cem, em um milhão

Para que, únicas, sejam multiplicadas por bilhões de afetos derramando luz e vida

Mães e pais nossos ancoradouros de sonhos e de novas possibilidades

Nossos confortos para fazer necessárias as lágrimas inevitáveis

Mães e pais, nossas canções e poesias, nossos melhores sorrisos!

Por isso, mães e pais são eternos, inesgotaveis – não morrem nunca!

Dão-nos a benção, o bom-dia e nos afagam com as mãos da alma

Estão sempre ao nosso lado

Nada nos pedem, nada nos cobram, a não ser que sejamos livres e capazes

De amar, de agradecer, de perdoar, de se doar, de conviver

Então, cuidemos deste amor que nos mantêm iguais, do jeito que são as mães

Um amor que nos anima a atravessar os tempos de nossa existência

Obrigado mamães!

*Publicado em 09 de maio 2020 no Facebook.