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Filho de missionário, "antropólogo de direita" é preso pelo Ibama após desacato

Missionário que declarou que os índios iriam "ajoelhar voluntariamente adorando ou ajoelhar obrigatoriamente temendo"

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Circula na internet vídeo do momento em que o autoproclamado “antropólogo de direta” Edward Luz é detido recusando-se a sair de terra indígena e ameaçando agente do Ibama, que segundo Luz, estaria fazendo-se cumprir a: “ordem ministerial do senhor ministro Ricardo Sales, com o qual ele teria se encontrado na terça-feira (11 de fevereiro de 2020)”. No entanto, após afrontar a ordem do militar do Ibama, Luz acabou sendo detido e preso. 

O “antropólogo”, expulso da Associação Brasileira de Antropologia, é filho do missionário, Edward Gomes da Luz, que declarou que os índios iriam “ajoelhar voluntariamente adorando ou ajoelhar obrigatoriamente temendo”, desmerecendo as religiões indígenas. 

Onde luz foi detido é uma terra indígena de 142 mil hectares chamada TI Ituna/Itatá, habitada por povos Isolados do Igarapé Ipiaçava, em Altamira e Senador Porfírio, no Pará.   

Mais de mil hectares de floresta já foram desmatados somente em janeiro de 2020 nessa região. Uma operação de fiscalização realizou sobrevoos durante uma semana para avaliar danos ambientais causados por grileiros na região.

A operação do Instituto do Meio Ambiente (Ibama) e Polícia Federal é acompanhada pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo as fiscalizações, grileiros que se apropriaram das terras já começaram a criação de gado de forma ilegal. Os responsáveis ainda não foram identificados. 

Durante as fiscalizações, os agentes encontraram castanheiras derrubadas - espécie que tem o corte proibido. Foram aplicados nove autos de infração, que somam mais de R$ 1 milhão em multas, além de cinco embargos a áreas desmatadas.

A TI Ituna Itata foi a mais desmatada em 2019 no Brasil, com 13% do total de devastação registrado nas áreas indígenas brasileiras pelo sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente no último ano, 23% da floresta foi devastada.

Há pressão de não-índios e lobby de políticos locais para impedir a homologação da área indígena, que tem status de ‘com restrição de uso’, segundo o portal (ISA), que monitora áreas indígenas no Brasil.

VEJA O VÍDEO NO MOMENTO DO DESACATO 

DICA - Leia a entrevista de Eduardo Viveiros de Castro no Globo