Em um cenário digital dominado pelas redes sociais, o rádio e a televisão se consolidam como os veículos de comunicação de maior credibilidade para a população do interior de Mato Grosso do Sul. A revelação foi feita a partir de uma pesquisa inédita apresentada durante o 1º Encontro Regional MIDIACOM MS, que reuniu um auditório lotado de comunicadores, empresários e autoridades em Dourados para debater o futuro da radiodifusão. A íntegra.
Promovido pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão de MS (MIDIACOM MS), o evento teve como um de seus pontos altos a apresentação de Frederico Souza, secretário executivo de comunicação do estado. Ele divulgou dados de um extenso levantamento contratado pelo Governo do Estado, que realizou mais de 30 mil entrevistas em todos os 79 municípios sul-mato-grossenses entre 2023 e 2024.
Frederico Souza apresenta pesquisa inédita sobre mídia no interior durante evento em Dourados. Foto: MidiacomMSA pesquisa, que teve como público-alvo pessoas com 15 anos ou mais de todas as classes sociais , buscou entender os hábitos de consumo de mídia da população , a frequência de uso e, crucialmente, o nível de confiança em cada meio.
ALTO USO, BAIXA CONFIANÇA
O evento contou com palestras de Fernando Morgado, Marina Alves e Frederico Souza, que enriqueceram o debate com dados e reflexões sobre o papel atual e futuro dos meios de comunicação. Foto: MidiacomMSEmbora as redes sociais sejam a fonte de informação mais utilizada tanto na capital (63%) quanto no interior (64%) , a confiança nelas é extremamente baixa. A pesquisa revela um forte contraste: apenas 1 em cada 10 usuários confia plenamente nas notícias que consome em plataformas digitais , com 64% admitindo ter pouca confiança e 26% declarando não confiar de forma alguma.
Frederico Souza durante apresentação de pesquisa inédita de consumo de comunicação em MS. Foto: MidiacomMSEm contrapartida, os meios tradicionais, como o rádio e a TV, mantêm uma forte reputação de credibilidade entre seus públicos. No interior, 72% das pessoas que se informam pelo rádio confiam no meio. A TV, por sua vez, detém a confiança de 74% de sua audiência na capital e 59% no interior. "Essa pesquisa serve para orientar políticas públicas de comunicação baseadas em evidências", afirmou Frederico Souza durante o evento.
Principais meios de informação no interior:
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Redes Sociais: 64%
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Rádio: 30%
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TV: 28%
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Sites de Notícias: 19%

A FORÇA DO RÁDIO NO DIA A DIA DO INTERIOR

O estudo detalha a profunda penetração do rádio nos lares do interior do estado. Cerca de dois terços (66%) da população local ouviram rádio nos últimos 30 dias , e a fidelidade é notável: mais da metade desses ouvintes (56%) sintonizam as estações todos os dias.

O consumo se dá de forma massiva em aparelhos de rádio comuns (86%) e, diferentemente da capital onde o consumo no carro predomina, no interior o rádio é companhia principalmente em casa (53%) e no trabalho (28%). Notavelmente, 27% dos ouvintes são classificados como "heavy users", dedicando mais de 4 horas por dia ao meio.

FUTURO DA COMUNICAÇÃO

O encontro em Dourados foi marcado por debates relevantes sobre o papel da radiodifusão. A abertura contou com Marina Alves, da Associação Mineira de Rádio e Televisão (AMIRT), que defendeu o rádio como um canal ágil e próximo do ouvinte, essencial para uma comunicação conectada à realidade local.
Fechando a noite, o pesquisador Fernando Morgado, autor de best-sellers sobre comunicação, ministrou a palestra “A força da TV aberta e do rádio: mídias que geram resultado”, mostrando como os veículos tradicionais seguem relevantes para marcas e governos, mesmo em tempos digitais.
Em seu discurso, o presidente da MIDIACOM MS, Antonio Boaventura Alves (Tunico), destacou o compromisso dos veículos de comunicação com a verdade, especialmente em um cenário de alta polarização. “Vivemos tempos de polarização intensa, onde os extremos barulhentos tentam silenciar o diálogo, distorcer os fatos e ignorar os dados”, afirmou Tunico, citando Aristóteles e Paulo Freire para defender a importância do diálogo e da moderação.
O evento, que teve apoio do Governo de MS, Assembleia Legislativa, TCE-MS, MP-MS, Unigran, Sebrae e Hotel Bahamas, também promoveu uma ação solidária com a arrecadação de alimentos não perecíveis.











