Alô, Papuda Um secretário do governo da Bahia afirma ter conversado por celular com José Dirceu na semana passada. O ex-ministro está preso há dois meses na Papuda. O autor da ligação foi James Correia, titular da Indústria, Comércio e Mineração na gestão Jaques Wagner (PT). Ele é empresário na área de gás e petróleo, na qual Dirceu atuava como consultor. Correia diz que o amigo está bem disposto e animado por trabalhar na biblioteca do presídio. "Ele está fazendo o que gosta", contou.
Amizades A conversa ocorreu no dia 6. Correia diz ter falado com Dirceu pelo celular de um amigo em comum que visitava o ex-ministro na Papuda, onde a entrada de celulares não é permitida. Ele não quer identificar o dono do telefone.
Versões O secretário confirmou à coluna que conversou com Dirceu. Em um segundo contato, disse que o petista não falou diretamente com ele, mas respondeu às suas perguntas por meio do amigo misterioso que entrou na cadeia com o celular.
Regalias Para Correia, não houve privilégio ao petista. "Ele é uma das pessoas mais vigiadas na questão de não ter regalias. Não houve nenhuma irregularidade", diz. "Em breve, ele poderá falar o dia inteiro ao telefone, porque estará trabalhando."
Praia Antes da prisão, Dirceu era hóspede frequente da ampla casa do secretário na Praia do Forte (BA). Orgulhoso da propriedade, o secretário costuma descrevê-la como "pedaço do paraíso".
Defesa O advogado José Luís de Oliveira Lima disse que não poderia comentar o episódio. "Não sei se o fato é verdadeiro ou não. Vou conversar com meu cliente amanhã [hoje], e aí saberei."
De fora Nem o onipresente Aloizio Mercadante (Educação) entrou nas reuniões de Dilma Rousseff com presidentes de partidos, na terça. Com Gilberto Kassab (PSD) e Michel Temer (PMDB), a única testemunha foi o chefe de gabinete Giles Azevedo.
Bigode de molho A ausência instigou petistas que não se dão com Mercadante a sugerir que a presidente desista de promovê-lo e nomeie Paulo Bernardo (Comunicações) para a Casa Civil.
Dr. Aécio O tucano Aécio Neves convidou Barjas Negri, ex-ministro de FHC, para coordenar seu plano de governo na saúde. Ontem eles já se reuniram com Giovanni Cerri, da Faculdade de Medicina da USP, e Gonzalo Vecina, do hospital Sírio-Libanês.
Cartão de visita Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, começou na semana passada um giro de conversas com empresários e banqueiros. Ele está encarregado de apresentar as ideias de Aécio para a economia.
Velinhas Na reunião de ontem no Palácio dos Bandeirantes, o senador e Geraldo Alckmin (PSDB) acertaram sua próxima agenda conjunta em São Paulo: o aniversário do deputado e sindicalista Paulinho da Força (SDD).
Cinto apertado Alckmin congelou cerca de 20% das despesas de custeio previstas no Orçamento paulista deste ano –quase R$ 1 bilhão. O tucano também congelará parte dos investimentos.
Frio na espinha O governador convocou todo o seu primeiro escalão para reunião na segunda, às 8h. Não disse o tema do encontro. Os secretários esperam ouvir quem sai e quem fica.
Em nome do pai Emissários do Planalto ao Maranhão se espantaram com o tom de Roseana Sarney (PMDB) em relação ao pai, José Sarney. Ela se diz vítima de perseguição política "por herança do sobrenome".
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TIROTEIO
Os tucanos duvidam da solidariedade da militância do PT com Genoino. É porque essa palavra não existe no dicionário do PSDB.
DO PRESIDENTE DO PT-SP, EMIDIO DE SOUZA, sobre as críticas de tucanos ao site que arrecada dinheiro para pagar a multa de José Genoino pelo mensalão.
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CONTRAPONTO
Convite de mineiro
Nos anos 70, Tancredo Neves saudava os estreantes no Congresso com entusiasmo. Um dia, disse a um novato:
-Assim que tiver tempo, passe no meu gabinete. Temos grandes temas a discutir!
Horas depois, o estreante visitou o então senador, que demonstrou surpresa ao vê-lo. O encontro foi frustrante.
-Era convite de mineiro, para você se sentir bem. Não era para ir, ele só queria mostrar que gosta de você -ouviu o calouro de um colega mais experiente.
A história foi coletada pelo jornalista Plínio Fraga, que lançará uma biografia de Tancredo em 2015.
Com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN/Folha de São Paulo