05 de dezembro de 2025
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CAMPO GRANDE (MS)

Em meio à crise do transporte público, consórcio e prefeitura testam ônibus a gás

O novo veículo integra um estudo técnico que busca alternativas mais sustentáveis

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Começou a circular nesta 5ª feira (17.jul.25), em Campo Grande, um ônibus movido a gás natural/biometano, em fase de testes. A medida, resultado de parceria entre a Prefeitura, o Governo do Estado, a MSGás e o Consórcio Guaicurus, ocorre em um momento de forte pressão sobre o sistema de transporte coletivo da capital sul-mato-grossense.

O novo veículo integra um estudo técnico que busca alternativas mais sustentáveis e eficientes para o transporte público. Além da inovação na matriz energética, o ônibus também conta com ar-condicionado, visando maior conforto aos passageiros. A avaliação técnica vai medir aspectos como consumo, impacto ambiental e satisfação dos usuários.

“Esses testes são fundamentais diante do compromisso da Prefeitura de Campo Grande em encontrar formas mais eficientes na prestação de todos os seus serviços. No caso do transporte coletivo, a ordem da prefeita Adriane Lopes é pensar primeiro nos benefícios para quem usa o sistema. Tanto que a avaliação do público está entre os critérios que vamos medir”, afirma Andreia Figueiredo, diretora-adjunta da Agetran.

A CEO da MSGás, Cristiane Schmidt, destacou os benefícios ambientais da tecnologia. “Acreditamos que essa tecnologia pode fazer uma grande diferença na redução de poluentes e melhora na qualidade do ar e na vida dos cidadãos”, declarou.

O veículo da marca Scania vai operar por cerca de 30 dias na linha 61 (Moreninha/Shopping), das 6h25 às 21h30.

CRISE E CPI

O teste ocorre em meio à apuração da CPI do Transporte Coletivo, em curso na Câmara Municipal desde março. A comissão já realizou mais de 50 horas de oitivas, ouvindo gestores da Prefeitura e apontando falhas graves no sistema. Os vereadores investigam problemas como ônibus velhos, falta de fiscalização, descumprimento contratual e investimentos paralisados.

O presidente da CPI, vereador Dr. Lívio (União), afirma que o relatório final, previsto para agosto, vai “colocar o dedo na ferida” e responsabilizar tanto o Consórcio Guaicurus quanto a Prefeitura pelas deficiências. Segundo ele, 57 ônibus estão atualmente proibidos de circular por falta de inspeção e há 40 quilômetros de vias sem pavimentação para linhas de ônibus.

A Prefeitura, por sua vez, alega dificuldade financeira para custear as contrapartidas das obras de mobilidade e aposta em parcerias público-privadas para a manutenção dos terminais.

Além da CPI, há o Projeto de Lei nº 11.636/2025, aprovado pela Câmara no final de junho, que obriga a instalação de ar-condicionado em todos os novos ônibus do transporte coletivo. De autoria do vereador Landmark Rios (PT), a proposta ainda depende da sanção da prefeita Adriane Lopes. “Esse projeto é sobre respeito. É inadmissível que o trabalhador continue pagando caro pra andar espremido e suando dentro do ônibus”, afirmou Landmark.