29 de abril de 2024
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Câmara não apresenta motivos para tamanha defesa de Olarte

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Um apanhado de falas dos vereadores, capturadas durante as últimas semanas, provam que a defesa que fazem do prefeito Gilmar Olarte, por vezes é ilógica. Defendem pelo fato se serem da base aliada. Se vale a máxima do vereador Carlão (PSB) de que “vereador gosta de vereador”, vale também dizer, “mas os vereadores situacionistas gostam mais ainda do prefeito”.

Por vezes a defesa é tão eloquente que fica difícil definir entre Edil Albuquerque (PMDB), Airton Saraiva (DEM) e Professor João Rocha (PSDB), qual deles é o líder do prefeito na Câmara Municipal de Campo Grande. Mas como tudo o que é demais, sobra, a reação popular está sobrando para cima dos vereadores. Exceto aqueles que têm uma base eleitoral muito bem sedimentada, e cash para bancar a captação de votos, todos os outros correm riscos, até porque esta legislatura está sendo considerada uma das mais fracas da história recente do legislativo da Capital.

A oposição tem feito seu papel de cobrar atos que considera pouco explicados, ou aqueles que apresentam fortes indícios de, digamos, erros. Por vezes extrapola, não na cobrança por transparência, mas pela forma como atua na cobrança. E quando não existem meios termos, os opostos se chocam de forma violenta, chegando a causar um mal-estar generalizado.

Entre os muito contra e os muito a favor, Olarte e sua discutível administração, nadam de braçada. A Câmara sequer aprova requerimentos solicitando informações. Três CPIs estão paradas, a do Tapa-Buracos, a da Folia – agora da Cultura –, e do uso do Jatinho. Todas paradas com a desculpa de que primeiro é necessário queimar as etapas normais, de requerimento, convite, reunião, audiência... Os requerimentos não são aprovados e nas audiências e reuniões nada fica decidido.

No entanto, bastou o Vereador Vanderlei Cabeludo aventar a hipótese de uma CPI do Instituto Mirim, único reduto ainda não dominado pelos fiéis ao prefeito, ou fiéis do prefeito, e as promessas de apoio em forma de assinatura abundaram.

Dizer algo contra é dar o combustível para que se ascendam as tochas para o ataque. Alex do PT ousou dizer em desabafo que Gilmar Olarte manda mais na Câmara do que mandou o ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB). Bastou para que a confraria dos “vereadores gostam de vereadores” saíssem em defesa da classe. Minutos depois eles rejeitariam um requerimento de pedido de explicações. Bem coerente dentro da incoerência instalada.

O vereador Chiquinho Teles (PSD), o único da base aliada que votou pela aprovação do requerimento, disse ao final da sessão, que está se criando uma situação muito ruim.

“Existem excessos quando se quer CPI para tudo, eu acho que as coisas devem caminhar de forma diferente, primeiro usar todos os expedientes para que o executivo responda aos questionamentos, e os secretários não têm deixado de fazer isso. Caso a resposta não explique, por exemplo, a um requerimento, existe o recurso de audiências, se mesmo assim não resolver, ai sim, se necessário, partimos para uma CPI. Mas essa recusa em aprovar um requerimento não faz sentido para mim. Pode não ser o caso, mas a Câmara passa uma ideia de blindagem. Que mal há em pedir explicações? Não vejo. Os políticos não podem se negar a dar transparência de seus atos”, disse Chiquinho Teles.

Enquanto isso, em nome de deixar no passado os erros lá cometidos, os vereadores proclamam apoio à governabilidade, em benefício de Campo Grande. Mas o uso do  jatinho não é anterior – em como o pagamento de passagem de volta para a primeira-dama, que nada tinha a fazer oficialmente na Capital Federal. Também refletirá no presente e no futuro o calote aos artistas e a retenção de projetos. Sem falar no tapa-buracos que estará presente e inoperante até que se faça o recapeamento, e depois disso em todas as vias que não serão recapeadas. A questão aqui não é apenas o que é feito, mas a maneira errada como é feito e o custo para fazer. Então, não adianta apenas filmar os buracos sendo tapados.

A oposição bate

A vereadora Luiza Ribeiro (PPS), não desiste em tentar averiguar a fundo a questão do tapa-buracos, e garantiu que a oposição, se está sendo impedida de prosseguir nas investigações, está preparando uma representação a ser encaminhada ao Ministério Público Estadual, nominal do Dr. Humberto Brites, para que a investigação seja feita a partir do Gaeco, pois não é uma situação simples, elas são complexas, envolvem somas de recursos muito grandes, e a oposição irá representar para que seja aberta uma investigação sobre o tapa-buracos.

Carlão também defende

O presidente da Comissão Permanente de Obras e Serviços Públicos, vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), faz um discurso ambíguo, pois no caso do tapa-buracos diz que os documentos que faltaram terão que ser entregues e analisados, e que o impressionante aumento de valor no ano eleitoral de 2012 deve ser explicado. A respeito da não obediência das normas técnicas para o serviço, diz que já melhorou o processo do tapa-buracos, mas não explica o motivo de a norma não ser obedecida e, ainda assim haver um laudo que indica que o buraco não-buraco tapado foi feito dentro das normas. “Eles estão fazendo errado”, limita-se a dizer. “Tem erros, por exemplo, o fiscal que autoriza fazer o serviço é o mesmo que fiscaliza, isso está errado, e nós vamos ver isso. Mas fazer uma CPI só porque a oposição quer, não dá”, finaliza.

Sobre o uso do jatinho de empresário que possui negócios com a prefeitura, Carlão entende que se o jatinho foi usado apenas para levar e trazer o prefeito e a primeira-dama, haveria dolo, mas se o empresário ia para o mesmo destino, foi apenas uma carona. “Carona é carona, se um empresário vai para Brasília e oferece carona, não tem problema. Se o empresário tem contrato com a prefeitura, não foi o Olarte que fez. Esses contratos são da época do André (Puccinelli), do Nelsinho. Mas eu também acho que o prefeito tem que tomar cuidado com esse negócio, negar a carona, dizer que não vai ficar bem com esse povo que está na rua (manifestações) deixa que eu vou em voo normal. Para isso ele tem verba”, definiu o parlamentar.