23 de abril de 2024
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Combate ao Coronavírus

Na guerra de prestígios, Mandetta vai às alturas e Bolsonaro despenca

DataFolha: ministro tem 76% de aprovação e para 51% presidente mais atrapalha que ajuda

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Para quem duvidava do impressionante prestígio nacional adquirido por Luiz Henrique Mandetta no combate à pandemia do Covid-19 os números divulgados pelo Datafolha dão uma resposta categórica. Em três dias, de quarta-feira, 1º, a sexta-feira, 3, o instituto ouviu por telefone 1.511 pessoas em todas as regiões brasileiras e aferiu que na guerra ao coronavírus a aprovação popular ao Ministério da Saúde, chefiado por Mandetta, tem mais que o dobro do índice atribuído a Bolsonaro.

Em comparação com a pesquisa anterior, feita entre 18 e 20 de março, a aprovação do Ministério cresceu de 55% para 76% – apenas 5% reprovam as atitudes da Pasta (antes, eram 12%). No mesmo período, a aprovação do presidente variou dentro da margem de erro – de três pontos percentuais para mais ou para menos – e foi de 35% para 33%. A taxa de reprovação ao presidente subiu consideravelmente, de 33% para 39%.

Bolsonaro tem as suas piores avaliações entre mulheres (43% de reprovação), pessoas com curso superior (50%), mais ricos (acima de 10 salários mínimos mensais, 46%), jovens (16 a 24 anos, 45% de ruim/péssimo) e aqueles com idades de 35 a 44 anos (47%). No geral, 51% acham que o presidente Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda no enfrentamento da pandemia contra 40% que pensam o contrário.

Desde a última pesquisa, o presidente fez um pronunciamento nacional criticando o isolamento social, minimizou a pandemia causada pela Sars-CoV-2 e atacou as medidas adotadas pelos governos estaduais e prefeituras. Para 51% dos entrevistados, Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda no combate ao vírus. O Datafolha ainda aponta o Nordeste como o maior centro de rejeição ao presidente, com a mais elevada taxa de péssimo e ruim (42%). É a região na qual mais entrevistados acham que Bolsonaro mais atrapalha o combate ao coronavírus (57%) do que ajuda.

DENÚNCIA INTERNACIONAL – Por seu comportamento declaradamente avesso aos cuidados e precauções recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para enfrentamento do Covid-19, Bolsonaro foi alvo de representação da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABDJ) ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda.

Segundo o advogado Nuredin Ahmad Allan, membro da Executiva Nacional da ABJD, a denúncia é robustecida por farta documentação. “Reunimos uma série de informações demonstrando que as ações do Jair Bolsonaro se enquadram nesse tipo penal, colocam em risco a saúde da população brasileira de maneira muito grave. A procuradora vai avaliar se é o caso ou não de dar andamento e transformar essa representação em uma denúncia”, assinalou.

 Bolsonaro (sem partido) pode ser condenado a até 30 anos de prisão caso o Tribunal Penal Internacional (TPI) entenda que ele cometeu crime contra a humanidade ao criar confusão pública sobre o novo coronavírus. Segundo Ahmad Allan, a representação internacional tornou-se necessária porque todas as alternativas jurídicas dentro do país foram esgotadas. 

Allan ressalta que cinco procuradorias regionais apresentaram um memorando ao procurador-geral da República, Augusto Aras, pedindo para que ele recomendasse o presidente a adotar e a verbalizar orientações oficiais da OMS e do Ministério da Saúde. Não há previsão sobre a data de julgamento, mas a pena máxima em caso de condenação se confirmada a transgressão chega a 30 anos