18 de abril de 2024
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Quem fica com André se a boiada estourar?

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Em Mato Grosso do Sul peemedebistas e petistas estão sepultando a possibilidade de um casamento eleitoral em 2014. Ainda que o PSDB de Reinaldo Azambuja não se acerte com o PT de Delcídio Amaral, o PMDB de André Puccinelli já se convenceu que melhor mesmo será preparar-se para o voo-solo na sucessão estadual. E antes de o Papai Noel desembarcar por aqui na noite feliz, alguns presentes devem ser desembrulhados por antecipação para que não haja dispersão entre os que sustentam os presépios.A indagação que prospera é sobre quem ficará com quem. Se ainda não acabou o estágio em que todo mundo mente pra todo mundo, as tendências que se desenham mesclam imagens ora definidas, ora imprevisíveis. Na base de sustentação do governo de André Puccinelli, o PR, o PDT, o PSB e o DEM , o Pros e outros evitam comprometer-se total e definitivamente antes das convenções. Pretexto, talvez, porque todos vivem sobre duas panelas de pressão: uma, a das dependências da máquina e da vigilante liderança do governador; outra, a da projeção consolidada do favoritismo do senador petista Delcídio Amaral na preferência das inten ções de voto, bem à frente dos demais concorrentes. O PMDB não tem, a rigor, muitas esperanças de repatriar os tucanos para seu QG. Então, terá de refazer a lição de casa e começar do zero, porque se não o fizer aumentará o risco de naufrágio político e eleitoral. A derrota para Alcides Bernal na sucessão campograndense deve ter servido para ensinar alguma coisa, baixar a bola de quem desfilava de nariz empinado e demolir a insolência de quem se achava num conjunto de forças imbatível. Antes de reaglutinar e reunificar na ação e no discurso os aliados que lhe restam, e não são poucos, os peemedebistas precisam instalar esse processo dentro de seus próprios domínios. Várias vozes do PMDB, e vozes importantes, já não falam a mesma língua e dançam separados e sem sintonia no salão. O presidente da Assembleia Legislativa, Jerson Domingos, e o ex-prefeito e pré-candidato ao Governo Nelsinho Trad, estavam justificando aquela velha recomendação dos conciliadores para não serem convivas da mesma mesa ou do mesmo jantar. O deputado federal e secretário estadual de Obras, Edson Giroto, retornou ao PR, não sem antes experimentar desconfortos e irritações dentro do PMDB e dentro da máquina governamental. Segue fiel a Puccinelli, mas não se pode dizer que tal fidelidade se estenderá, à plena, ao apoio que lhe for solicitado no caso de Nelsinho Trad se efetivar como candidato. Ao assinar pela segunda vez em sua vida a ficha de filiação ao PR, Giroto deu a garantia para conservar o PR no comboio de Puccinelli, não necessariamente no comboio do PMDB. Prudentíssimo, o presidente e interlocutor máximo dos republicanos, deputado Londres Machado, avisou, em caprichado tom pessedista: "O PR tem um compromisso de apoio ao governador e ao governo. Isso não quer dizer que esse apoio seja compulsório no campo eleitoral". Firula ou não, Londres deixou no ar a sugestão de que o PR pode buscar outros caminhos em 2014: lançar Giroto ao Governo, apoiar Delcídio ou construir uma coligação com o PSDB. Mas a primeira opção é continuar onde está, ao lado de Puccinelli. AS OPÇÕES - O DEM, se dependesse das declarações enfáticas do deputado Zé Teixeira, já estaria fazendo a pré-campanha de Delcídio. E, de quebra, sustentando a indicação de Teixeira para ser o vice. Muito próximos do PSDB, os demistas não descartam a chance de reaproximar-se de Reinaldo Azambuja, desde que não prospere o flerte com o PT ou não otimize suas relações com o PMDB e o Governo, que não andam muito bem das pernas, apesar da convivência fraterna entre seus dirigentes e Puccinelli. O PDT de Leite Schimidt e Dagoberto Nogueira está com parte de suas raízes fincadas no território dos projetos de Puccinelli. O que não quer dizer que tenha fechado as portas para outros cenários. É atraente compor com o PT de Delcídio, tendo em vista a dificuldade que será para os trabalhistas garantir a eleição de seus candidatos à Assembleia Legislativa e à Câmara. reina, ainda, um complicador emocional, que se reporta às eleições de 2010, quando o candidato ao Senado Dagoberto Nogueira não fez segredo de sua convicção sobre a atuação de Delcídio para apoiar um concorrente, o peemedebista Waldemir Moka. Na época, circulou com força a versão de que o senador petista, candidato à reeleição, teria feito pouco ou quase nada pela candidatura de Dagoberto, que seria o segundo nome a ser eleito pela coligação. A versão é confrontada pelos fatos e números, que indicam presença constante e definida de Delcídio na campanha de Dagoberto. Este, todavia, até hoje duvida que tivesse havido esse envolvimento. Por isso, a priori o PDT tende a ficar com Puccinelli. E tendência é condicionalidade. Os partidos de menor representatividade devem, acompanhar o vai-da-valsa de interesses localizados: viabilizar estrutura para a campanha e tentar eleger seus candidatos. Para isso podem contar com o PMDB, que tem a máquina, ou com o PT, que tem o candidato até agora mais forte. E os peemedebistas que acelerem o caminhar ou condenar-se-ão a assistir, de camarote, a revoada de forças importantes para o time adversário. O time, no caso de Delcídio. Ou os times, no caso de PT e PSDB tiverem candidaturas próprias para enfrentar Puccinelli e fazer com o PMDB no Estado o que Bernal fez em Campo Grande. Edson Moraes