Ex-governador de Mato Grosso do Sul por dois mandatos, Zeca do PT causou rebuliço no mundo político ao anunciar o retorno à cena como provável candidato a prefeito de Sidrolândia, cidade com 57,6 mil habitantes e localizada a 60 quilômetros da Capital. O petista avalia seis cidades, mas deve optar pela que ficou em segundo lugar na disputa do Senado em 2018.
Com a vasta experiência política e administrativa – deputado estadual por dois mandatos consecutivos, governador do Estado de 1998 a 2006, vereador de Campo Grande e deputado federal – o petista tinha desistido das eleições deste ano. No final do ano passado, o ex-governador alegou problemas de saúde e entregou a presidência regional do PT.
Na oportunidade, Zeca cogitou não concorrer a nenhum cargo eletivo neste ano e só voltar à disputa em 2022, quando a concorrência pela vaga de senador será ainda mais disputada. Prestes a completar 70 anos, o ex-governador causou burburinho ao admitir, em entrevista ao Campo Grande News, que estuda ser candidato a prefeito de Sidrolândia.
Com a decisão, Zeca desiste do sonho de ser prefeito da Capital, cargo que quase conquistou em 1996 ao perder por uma diferença de apenas 411 votos para André Puccinelli (MDB). Não é a primeira vez que o petista descarta disputar a prefeitura da Capital pela 3ª vez.
Em 2012, Zeca abriu mão da candidatura e acabou se elegendo vereador mais votado, com 13.010 votos. Dois anos depois, o petista elegeu-se deputado federal, com 160.556 votos. Em 2018, ele obteve 294 mil votos, mas perdeu a vaga para o ex-prefeito da Capital, Nelsinho Trad (PSD), e para a advogado Soraya Thronicke (PSL).
Na última eleição, o ex-governador ficou em primeiro na disputa do Senado em Porto Murtinho (30,15%), Bela Vista (22,59%), Miranda (26,16%), Taquarussu (30,05%) e Dois Irmãos do Buriti (29,%). Segundo o Correio do Estado, o petista avalia convites para disputar a prefeitura desses municípios nas eleições deste ano.
Só que Zeca está morando em Sidrolândia, conforme o Correio do Estado. “Eu tenho uma propriedade aqui na cidade com 110 hectares e crio peixes. Estou morando há bastante tempo e tenho propriedade há 10 anos. Até abri eu vou analisar se devo mudar meu título para cá”, disse. O ex-governador ficou em segundo lugar no município nas eleições de 2018, ao obter 19,8% dos votos, atrás de Nelsinho (19,96%).
O ex-deputado aposta mais um recomeço na política em município considerado estratégico para o PT. Sidrolândia tem o maior número de assentamentos do País e vem destacando na industrialização.
Como governador do Estado, Zeca do PT leva a experiência de ter criado a Cassems e o Fundersul, ter concluído as obras inacabadas, como o Fórum de Campo Grande, o Hospital Regional Rosa Pedrossian, a ponte sobre o Rio Paraguai e os parques Ayrton Senna, das Nações Indígenas e Jacques da Luz. Ele também é lembrado pela política de valorização salarial dos servidores estaduais.
O petista acabou protagonizando o escândalo da Farra da Publicidade, no qual foi acusado de ter desviado R$ 130 milhões dos cofres estaduais. Uma força-tarefa do MPE protocolou dezenas de ações por improbidade e peculato, mas o ex-governador acabou absolvido em todas.
No entanto, o ex-governador assume um risco a ser candidato de uma cidade de médio porte no Estado. Caso não consiga ser eleito prefeito de Sidrolândia aos 70 anos, Zeca poderá dar um passo para a aposentadoria e perder o fôlego para as eleições de 2022.
Em 2018, na disputa pelo Senado, nas maiores cidades do Estado, ele só conquistou o primeiro lugar em Corumbá, onde conquistou 21,07% dos votos e até superou o corumbaense Delcídio do Amaral (PTC). Na Capital, Zeca ficou em 6º, mesma colocação obtida em Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas.
O maior risco do ex-governador é encolher politicamente caso fracasse nas urnas.