14 de dezembro de 2025
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VIOLÊNCIA

A frieza do adolescente que matou toda a família com uma arma do pai, CAC

Garoto foi à delegacia com a avó registrar sumiço das vítimas, mas acabou confessando o triplo homicídio dias depois

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga um crime que chocou o país pela frieza com que foi cometido. Um adolescente de 14 anos confessou ter matado o pai, a mãe e o irmão mais novo, de apenas 3 anos, dentro de casa, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense (RJ). As vítimas foram identificadas como Inaila Teixeira, de 37 anos, cabeleireira, Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, enfermeiro, e Antônio Filho, de apenas 3 anos.

Os corpos foram encontrados na cisterna do imóvel na 4ª feira (25.jun.25), após o jovem e a avó paterna procurarem a delegacia para registrar o desaparecimento da família.

Inicialmente, o adolescente afirmou à polícia que o irmão havia se engasgado com um caco de vidro e que os pais teriam saído de casa às pressas para levá-lo ao hospital, de onde nunca mais retornaram. No entanto, a história ruiu após os investigadores verificarem que não havia registro da entrada de nenhum dos três em unidades de saúde da região.

“A quantidade de sangue era incompatível com o acidente doméstico que ele narrou para a gente. Depois que localizamos o corpo, ele confessou o crime. Disse ter dado um tiro na cabeça do pai e da mãe; no irmão, foi no pescoço. Perguntamos porque ele matou o menino, e ele disse que foi para poupá-lo da perda dos pais”, relatou o delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, ao jornal o Globo.

A motivação do crime ainda é alvo de apuração, mas duas hipóteses ganharam força: um namoro virtual com uma adolescente de 15 anos residente no Mato Grosso, e o possível interesse em acessar o FGTS do pai, que era enfermeiro e tinha cerca de R$ 33 mil disponíveis.

“Durante a perícia, encontramos uma bolsa de viagem já pronta para viajar. Nela, estavam os celulares das vítimas. O adolescente não deu muitos detalhes sobre a namorada, mas falou que eles se conheceram nesses jogos online. Nós entramos em contato com a polícia do Mato Grosso para localizarem a menina”, disse o delegado.

Logo após os assassinatos, o garoto pesquisou em seu celular “como receber FGTS de falecido”, segundo a investigação. Ele, no entanto, declarou que a busca foi feita apenas depois de cometer os homicídios. Apesar disso, o delegado destacou que, independentemente da ordem dos fatos, “ambas [as motivações] configuram motivo fútil”.

O crime foi meticulosamente executado. Segundo o depoimento do menor, ele esperou os familiares dormirem, após tomar um suplemento pré-treino para se manter acordado. Usou a arma do pai, um CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), que estava escondida sob o colchão. Depois dos disparos, ele limpou vestígios de sangue com produto de limpeza e arrastou os corpos até a cisterna da residência.

“Pelo que a gente percebeu na casa, a cisterna ficava entre 4 a 5 metros de distância do quarto. Não era muito longe”, explicou Guimarães.

A arma foi posteriormente encontrada na casa da avó do adolescente. Ela relatou que recolheu o revólver ao encontrá-lo na casa do neto, por medo de que ele se ferisse. Os investigadores descartam, por ora, qualquer envolvimento dela no crime.

A apatia do garoto diante da gravidade do ato também chamou a atenção da polícia.

“Ele foi muito espontâneo ao contar como cometeu os crimes. É um menino frio, sem remorso. Perguntamos se ele se arrependia, e ele disse que não, que faria tudo de novo. As respostas que ele nos deu foram rápidas e o tempo todo ele se autoafirmava como homem. Tinha um ‘quê’ de psicopatia. Ele pode ter premeditado tudo ou é um menino muito inteligente”, avaliou o delegado.

Internação provisória

Na 5ª feira (26.jun.25), a Justiça determinou a internação provisória do adolescente em uma unidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). Ele deverá permanecer apreendido por ao menos 45 dias, enquanto o caso segue sob investigação.

A internação é a medida socioeducativa mais severa prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pode durar até três anos. O jovem deverá responder por três atos infracionais análogos a homicídio e um por ocultação de cadáver.