26 de abril de 2024
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VIOLÊNCIA SEXUAL

No carro da esposa, motorista 'acionava trava de criança' para estuprar passageiras

Delegada explicou como criminoso agia

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O motorista de aplicativo Adriano da Silva Vieira, de 38 anos, preso em 9 de junho, em Campo Grande (MS), usava o carro da esposa para "correr", quando cometeu estupro, tentativa de estupro e importunação sexual contra ao menos três passageiras.

Nesta terça-feira (14.jun.22) a delegada Ana Luiza Noriler, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), disse que o suspeito agiu de maneira semelhante nos 3 casos, usando uma 'trava de criança' item de segurança que impossibilita que as portas sejam abertas por dentro. O carro da esposa do criminoso era equipado com a trava, apesar de o acusado não ter filhos. 

Ana Luiza Noriler é a delegada responsável pelo caso - (Foto: Luciano Muta)Ana Luiza Noriler é a delegada responsável pelo caso. Foto: Luciano Muta | Diário Digital

"[Ele] Usava aquela trava para crianças na parte traseira, que só abre pelo lado de fora. A vítima não conseguia abrir o veículo, tentava escapar, mas não conseguia", confirmou

Adriano foi capturado em sua casa na Vila Nhanhá e confessou que de fato abusou das três passageiras. Porém, a polícia investiga se há mais vítimas. 

"Foram três, sendo que duas reconheceram ele. No entanto, a primeira vítima estava muito nervosa e fala que aquele homem não tinha rosto e parece que não tinha cabeça", disse Noriler. 

De acordo com a delegada, o suspeito afirmou que é usuário de pasta base de cocaína e agia sempre sob efeito do entorpecente.

A delegada pediu ofícios para as empresas nas quais o suspeito "rodava", para que a Justiça mantenha a prisão dele. As plataformas 99 Pop e Uber informaram que baniram Adriano assim que tiveram conhecimento dos casos.

COMO AGIA?

O criminoso, assim que chegava na casa da vítima, ele cancelava a corrida. "A passageira ficava meio desconfiada, mas aceitava [seguir viagem] porque queria chegar logo ao destino", esclareceu a delegada. 

Assim que saiam Adriano se mostrava 'gentil', puxava convers e depois perguntava se poderia abastecer seu veículo. "Perguntava se havia algum problema em abastecer e a passageira dizia que não. Então, procurava caminhos ermos, chegava a parar e por duas vezes usou pasta base. Ele passava para o banco de trás, se masturbava e mandava [elas] masturbar ele", narrou a delegada. Para que suas vítimas se submetessem, o criminoso fazia ameaças, apesar de evitar agressões.  

DESCOBERTA

A descoberta dos crimes ocorreu após Adriano estuprar uma mulher de 28 anos na madrugada de domingo (6.jun.22). A vítima pediu uma corrida na rodoviária da Capital, por volta das 4h30. Seguindo o "modus" citado acima, Adriano atacou a mulher e a estuprou no banco de trás do veículo, porém, ela conseguiu escapar pela janela do carro. Então ela foi até a delegacia. 

Localizado pela polícia, Adriano teria negado o crime, mas ao fugir a mulher deixou pertences no carro quando ocorreu o ato criminoso. A polícia disse que achou objetos da vítima no veículo.  

Após as diligências policiais foi descoberto que 2 outras mulheres gaviam sido vítimas, uma de 27 anos e uma de 54 anos.  

DICAS 

A delegada disse que toda mulher que pedir veículo de aplicativo deve perguntar sempre o nome do motorista, verificar se a placa do carro condiz com a do aplicativo e se puder se sentar sempre atrás do banco do motorista.

Além disso, Noriler orientou que as passageiras sempre compartilhem sua corrida com alguém e se caso perceber que algo não esta certo durante a corrida, deve ligar para 190 e tentar sair do veículo e procurar ajuda. "Nós mulheres não temos a liberdade de pegar um carro de aplicativo sem correr risco, a vigilância tem que ser 24h', comentou. 

 "A gente ressalta que todo o caso deve ser informado à polícia. Se a vítima não puder vir a delegacia, entre em contato com o 180 (Central de Atendimento à Mulher). É importante denunciar", finalizou a delegada.