A entrega antes do prazo da pavimentação de 40 quilômetros do primeiro de 20 subtrechos da rodovia Transchaco – obra vital para viabilizar a Rota Bioceânica Brasil-Chile, passando por Mato Grosso do Sul -, no Paraguai, tem uma importância sem precedentes na consolidação da infraestrutura de logística para garantir a exportação da produção brasileira pelos portos chilenos ao mercado asiático.
Para o Governo de Mato Grosso do Sul, que investe em obras estruturantes em Porto Murtinho, que faz fronteira com o Paraguai, atendendo ao novo corredor e a logística portuária que se instala no município, o vizinho país cumpre papel fundamental na consolidação da Bioceânica. Além da pavimentação da Transchaco (PY-15), o Paraguai assumiu a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, ao custo de US$ 75 milhões, a ser licitada em outubro de 2020.
Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, acena para os operários da obra após inauguração do primeiro trecho pavimentado, Foto: Toninho Ruiz
O secretário Jaime Verruck, da Semagro (secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), destacou que a inauguração do primeiro trecho da rodovia transcontinental é relevante dentro do macroprojeto do corredor comercial, onde a infraestrutura logística é fundamental. “Sem essa infraestrutura não teríamos a Bioceânica e o Paraguai tem cumprido todo o cronograma estabelecido nos acordos com o Brasil”, disse.
Governo de MS garante investimentos
Os subtrechos de 40 quilômetros da PY-15 inaugurados na manhã desta sexta-feira pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, compreendem as frentes que avançam em seus extremos, a partir de Carmelo Peralta, na fronteira com Porto Murtinho, e Lomo Plata, no Departamento de Boqueron, no chaco paraguaio. O trecho licitado, de 277 quilômetros, tem investimento de US$ 440 milhões e será concluído em fevereiro de 2021.
Ministro de Obras Públicas do Paraguai detalha obra ao lado do prefeito Derlei Delevatti e Lúcio Lagemann (Semagro)
“A Bioceânica, sonhada há décadas para integrar os quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile), está se tornando uma realidade e Mato Grosso do Sul vem se preparando como beneficiário para agregar valor aos nossos produtos e alcançar a competitividade que todos almejados”, pontuou Verruck, citando os investimentos do Estado na região e as discussões em nível de governos das questões aduaneiras, também vitais para consolidar o corredor.
Ao participar da inauguração do trecho pavimentado da Transchaco, representando o secretário da Semagro, o assessor de logística Lúcio Lagemann afirmou que a qualidade da obra que segue em ritmo acelerado reflete o compromisso do Paraguai na solidificação da rota, cujo impacto econômico vai beneficiar uma região de grande potencial produtivo, em ambos os lados da fronteira. “Sem logística não haveria a Bioceânica”, disse ele.
Segundo subtrecho da Transchaco em obras: 1,2 mil operários e 500 máquinas do consórcio trabalham em três turnos
Para o prefeito de Porto Murtinho, Derlei Delevatti, a estrutura viária em implantação pelo Paraguai – o segundo trecho, de 220 quilômetros, até a fronteira com a Argentina, será licitado em 2020 – é “algo extraordinário é dá a dimensão do que representará a Bioceânica para todos nós fronteiriços”. Também presente no ato de inauguração, o prefeito acentuou que a integração logística promoverá um desenvolvimento econômico e social na região.
Maior obra latino-americana
Ao entregar os subtrechos asfaltados da PY-15, o presidente paraguaio declarou que a arrojada obra é o maior empreendimento viário atualmente da América do Sul, não apenas pelo seu tamanho e volume, mas, principalmente, pelo impacto que terá no processo de integração regional e com Brasil, Argentina e Chile. Ele reafirmou também o compromisso de licitar em 2020 a ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta.
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“Depois de 54 anos da construção da Ponte da Amizade com o Brasil (no Rio Paraná, em Foz do Iguaçu), em três anos vamos construir três novas pontes que vão promover uma grande integração com os irmãos brasileiros”, observou, citando as travessias entre Presidente Franco e Foz de Iguazu, em obras, e as projetadas para o Rio Paraguai e o Rio Apa, estas na fronteira com Mato Grosso do Sul. “Estamos protagonizando um momento histórico”, completou.
O ato de inauguração ocorreu no quilômetro 20 da rodovia, a partir de Carmelo Peralta, onde é intensa a movimentação de máquinas e homens abrindo uma via que o denso Cerrado do Chaco paraguaio. O ministro de Obras Públicas e Comunicações do país, Arnoldo Wiens, informou que atualmente, 1.200 operários e 500 maquinários trabalharam nas duas frentes, além dos caminhões que transportam pedra e brita de uma distância de 300 quilômetros.
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“Estamos adiantando os prazos e este trecho entregue foi antecipado em dez dias”, disse. O ministro explicou ao assessor de logística da Semagro que a base do pavimento é feita de solo cimento (terra crua, cimento e água), devido ao lençol freático alto, e incorpora novos conceitos de irrigação e semeadura de gramíneas para a cobertura vegetação dos aterros, visando o controle de erosões, já implantados no trecho pavimentado.