20 de abril de 2024
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CARNAVAL

Briga entre fundadores da Deixa Falar pode ter reviravolta por novas provas

Escola de Samba está envolvida em processo judicial acusada de ter sido realizada eleição ilegal do atual presidente

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O desfile dos dias 24 e 25 de fevereiro, do carnaval 2020 vêm carregado de bastidores. Um deles aponta para umas das escolas tradicionais de Campo Grande, a  G.R.E.S Deixa Falar, atual vice-campeã, que nesse ano trará o enredo, “Tocando em frente, sou caipira Pirapora”, que homenageará o músico Renato Teixeira. A briga judicial entre dois fundadores da Escola pode ter reviravolta com prints de mensagens de uma integrante que diz ter sido enganada. Ela troca mensagens com um integrante que confirma erros e diz já ter "chorado muito pelo o ocorrido".   

Segundo fontes, o atual presidente da escola Francis Fabian teria se tornado presidente da escola de maneira escusa, tendo realizado uma eleição às escuras e sem apoio dos demais integrantes. Francis teria se auto-declarado presidente, usando trâmites internos, bem como, segundo uma integrante, fazendo pessoas assinar documentos de forma enganosa. “Ele me disse que eu estava assinando minha permanência na diretoria, mas não era isso, fomos todos enganados”, reclamou uma das ex-diretoras da escola, que teve a filha como rainha de bateria, e que também teria sido “sacaneada” por Francis. O Atual diretor da Deixa Falar nega as acusações. 

A briga entre Francis e um também fundador da Escola de Samba, Alan Coelho Catharinelli de Oliveira começou em dezembro de 2018, quando Francis teria feito tal eleição as escuras. Alan, com 20 anos de escola samba diz ter sido enganado, juntamente com Ana [integrante] que acabou assinando documentos de forma enganosa, como comprovam mensagens exclusivas reveladas ao MS Notícias. “Fui convidado pelo Fabian para participar de uma reunião na quadra da escola no dia 09/01/2019 por volta das 19:30h, fui juntamente com a Ana, e fomos totalmente surpreendidos com o anúncio de uma nova diretoria, tendo como presidente o sr. Fabian, vice a Sra. Lelis, e outros membros, e que o Salvador Dodero havia renunciado ao cargo de presidente e realizou uma eleição. Apresentou uma lista com os nomes da Diretoria Executiva e logo abaixo a Comissão de Carnaval onde eu estava como Diretor de Carnaval, afirmo que este foi o único documento apresentado”, explicou Alan, por meio de nota.

Após a situação, Alan entrou na justiça contra o atual presidente e desde então luta para conseguir seu posto novamente na escola. Partes de integrantes da escola estão ao lado de Alan, enquanto outra parte defende Francis. Há também integrantes que se mantém neutro ao ocorrido. 

Francis rebate as acusações, dizendo se tratar de inconformidade de Alan com a situação de ele ter se tornado presidente.  “Estou presidente, mas sou Carnavalesco, isso sim é profissão. Trabalho com carnaval é amor. Vocês da imprensa deveriam nos ajudar, mostrar a beleza do carnaval, não dar espaço a picuinhas, isso é picuinha! É tão difícil fazer carnaval aqui, que a verba sai e o carnaval já está todo pronto, isso é, 90% pronto, a verba usamos mesmo para quitar dívidas com os profissionais. Agora, sobre essa situação do senhor Alan, respeito à história dele aqui, nunca faltou com o respeito comigo. Acho que só não recebeu bem a coisa de ser eu o presidente”, defendeu Francis. 

Alan é diretor na Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande (Lienca). No entanto, ressaltou ao MS Notícias que essa é uma briga particular e que nada tem a ver com seu cargo frente à Liga.  Ele contou ainda, que acabou ficando de fora do Carnaval 2019, após ter descoberto uma jogada que envolvia alteração de Estatuto da Deixa Falar e também envolveu até um veículo de comunicação da Capital.  “Fui ao cartório 4 Ofício e solicitei a documentação do registro dessa diretoria e pasmem... A eleição foi realizada no dia 08/11/18 na sede da escola, o edital foi publicado no dia 24/10/18 no ‘Jornal O Estado’ para realização da Eleição e alteração do Estatuto, SEM COMUNICAR A MIM FUNDADOR E DEMAIS MEMBROS, mesmo dando publicidade no Jornal de circulação, porque não TEVE O RESPEITO MORAL COMIGO E COM OS DEMAIS MEMBROS DA NOSSA ESCOLA?”, questionou Alan, por meio de nota. 

A discussão veio à tona por meio da rede social Facebook. Onde, constantemente Alan realiza publicações sobre o ocorrido. Francis ataca esse posicionamento dizendo se tratar de falta de profissionalismo. “Eu já fiz parte da diretoria da TV Globo por 11 anos em São Paulo. Vai ao meu Face, veja lá se imploro para me darem meu lugar. Eu trabalho é 8h por dia e se estou nesse lugar é porque mereço”, ressaltou. 

CARTA NA MANGA 

Por outro lado, a comunidade Deixa Falar assiste a briga, o que cria tensão na Escola a um mês do Carnaval. Havia-se questionando a legalidade da escola por Francis Fabian ser funcionário público da Prefeitura Municipal de Campo Grande. “Eu sou funcionário de Arte no Vovó Ziza”, confirmou.

O presidente da Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande (Lienca), Eduardo Neto, explicou a reportagem, como funciona a distribuição da verba do carnaval. “Toda a verba é movimentada pelo CNPJ da Liga, isso é, ele sendo funcionário público ou não, não há implicações jurídicas, já que nós da Liga é que pagamos profissional por profissional, a administração dos valores está sobre nossa responsabilidade”, atenuou o presidente. 

Para Eduardo a briga entre os integrantes não tem ilação com a legalidade da Escola. “A documentação entregue pela escola está certa, agora, sobre a situação envolvendo o Alan e o Francis, isso está sendo observado pela justiça”, finalizou. 

O que pesa sobre a situação da escola agora, não é briga entre as partes. Mas a imagem que a Escola passa a comunidade civil com o ocorrido. Ainda há o agravante da testemunha Ana, que, segundo ela mesma, é a carta. “Não posso divulgar essas conversas agora, mas vamos levar para justiça, com isso, só com isso fica comprovado que todos foram enganados”, finalizou Ana.