26 de abril de 2024
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AJUDE

Comunidades isoladas no Pantanal recebem ajuda da "Comitiva Esperança"

Com dificuldades em acesso a auxílio, ribeirinhos falam em situação desesperadora

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Batizada como “Comitiva Esperança”, uma iniciativa espontânea de cidadãos e instituições de Mato Grosso do Sul começou, na última semana, sua atuação na assistência humanitária a comunidades isoladas do Estado. Com apoio da Colônia de Pescadores de Miranda, foram enviados alimentos a comunidades pantaneiras de difícil acesso, na região de Miranda, a 202 quilômetros da capital. Mais de 120 pessoas foram atendidas na primeira ação do Projeto.

Para a secretária da Colônia de Pescadores, Janete Correa, a situação na região durante a pandemia é “desesperadora”. Ela diz que muitos moradores dessas comunidades tentaram receber o auxílio anunciado pelo Governo Federal, mas não conseguiram. “Já tentaram de novo pra análise e essa análise nunca sai se tá aprovado ou não”, diz a secretária. 

Representante de uma família que como muitas outras na região sobrevive da pesca no rio Miranda, dona Franciele foi uma das atendidas na primeira ação social do Projeto Comitiva Esperança. “Muita gente está escondida nesse mundão afora aí, realmente precisando de ajuda”, disse a pescadora que vive com marido e cinco filhos.

Desde que tiveram início as medidas de distanciamento social, as pequenas comunidades ribeirinhas da região tiveram graves impactos sociais, intensificados pela dificuldade de acesso às regiões mais afastadas. De acordo com o diretor-presidente da Ecoa (ONG Ecologia e Ação), André Siqueira, faltam também produtos de limpeza, de higiene pessoal e informações de combate ao vírus. “Máscaras e kits de higiene pessoal não estão sendo doados pelas políticas assistenciais, isso é algo que vai ser muito importante na medida em que o turismo retornar as atividades e eles passarem a ter contato muito direto com pessoas vindas de lugares de onde já foi decretado o lockdown”, pontua Siqueira.

O PROJETO

Com nome inspirado na música popularizada por Almir Sater, o projeto Comitiva Esperança tem realizado um trabalho de identificação de comunidades vulneráveis no interior cerrado e Pantanal sul-mato-grossenses, com objetivo de levar a elas alimentos e produtos de higiene e limpeza durante a pandemia. A maior parte dos recursos utilizados até agora é resultado de doações realizadas através do site oficial, no entanto a campanha também busca parcerias com marcas interessadas em ajudar. 

A entrega do último sábado foi coordenada pela presidente do Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural, a pesquisadora Denise Silva. “São em momentos como esses que a gente se dá conta do tamanho dos nossos privilégios. Por mais que a gente conheça a situação de vulnerabilidade dessas comunidades, estar in loco nos toca profundamente”, relata a pesquisadora. 

A Comitiva Esperança foi criada como uma força-tarefa da sociedade civil, sem fins lucrativos, com objetivo de promover assistência humanitária em regiões de difícil acesso. O projeto já conta com parcerias da ONG Ecoa, empresa Angi, APA Baía Negra, Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural e Projeto Mídia Ciência de Jornalismo Científico.

Pessoas e empresas interessadas em conhecer o projeto podem ter mais informações através do site www.comitivaesperanca.com.br e no Instagram @comitiva.esperanca.