26 de abril de 2024
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“A História depois do Fogo”

Documentário mostra devastações deixadas por queimadas; regiões de MS sofrem há 12 dias

"Fundação de proteção a natureza e profissionais do meio ambiente realizam expedição"

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Amnahã é comemorado no Brasil o Dia do Cerrado, e um incêndio de grandes proporções atinge Inocência e região há pelo menos 12 dias. Donos de propriedades rurais lutam contra o tempo, para controlar as chamas que já destruíram milhares de hectares de mais de cinco fazendas. As causas ainda são desconhecidas, mas o Corpo de Bombeiros não descarta a estiagem.

O fogo que começou na virada do dia 30 para 31 de agosto já consumiu vegetação, produção e até casas inteiras. As chamas na área de reserva avançam rapidamente devido à seca prolongada. O 4º SGBM/Ind (Subgrupamento de Bombeiros Militar – Independente) de Paranaíba, a 422 km de Campo Grande, atende a região e mais de 8 militares já atuaram na área.

Não há previsão de chuva para a região e segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) a temperatura máxima nesta segunda-feira (10) pode chegar a 38°C. Vemos em MS a destruição que causa uma queimada.

Com intuito de sensibilizar e conscientizar o povo sobre o problemas deixados por uma queimada e também em comemoração ao Dia do Cerrado, 11 de setembro, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza lança um documentário com foco na savana mais rica do planeta. “A História depois do Fogo” conta em detalhes a expedição de dez dias realizada em fevereiro deste ano por 12 especialistas da fundação, Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal de Goiás e PUC-Goiás. A ação teve como objetivo avaliar os impactos do fogo que atingiu 85% da área protegida pela Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante (GO), em outubro de 2017. Na próxima terça-feira (11), a partir das 8 horas, o filme estará disponível no site e nas páginas do Facebook e do Youtube da fundação.

Nesta época do ano, ocorre o período de seca no Cerrado. Com pouca chuva, a baixa umidade do ar, os ventos fortes e o calor provocam queimadas que se alastram e tornam-se uma ameaça. Após o incêndio do ano passado, a fundação decidiu promover a segunda expedição de biodiversidade na Reserva Natural Serra do Tombador, desta vez com foco no impacto do fogo. “Pesquisas e expedições científicas como essa são de extrema importância para aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade da Reserva e do cerrado. Neste caso específico, compreender o impacto do fogo sobre a fauna e a flora a partir de um ‘marco zero’ e realizar estes monitoramentos em longo prazo, vai possibilitar uma melhor compreensão não só dos processos de recolonização da vegetação, como ajuda a entender quais grupos de fauna são mais sensíveis ou mais resistentes a eventos como esse”, afirma Natacha Sobanski, analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

A expedição

Na expedição liderada pelo doutor em Ecologia e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza Fabiano Melo foram selecionados para estudo grupos específicos de animais que respondem com mais rapidez a distúrbios ambientais como o fogo.

Foram escolhidos répteis, anfíbios, pequenos mamíferos não voadores, aves e formigas. Além disso, foi feito um inventário da vegetação nas áreas impactadas e não impactadas pelo fogo com o objetivo de acompanhar a mudança da estrutura e composição da vegetação após queimadas nessas áreas. “Os estudos iniciais feitos na Reserva Natural Serra do Tombador foram focados no inventário da biodiversidade.

Agora, com a questão do fogo, estamos incrementando os estudos para aumentar o conhecimento geral da biodiversidade e, particularmente, para tentar entender qual o impacto do fogo sobre essa fauna e flora residentes na Reserva”, descreve Melo.

Compreender os padrões ecológicos desses grupos são cruciais não só para a conservação das espécies, mas de todo o ecossistema em que elas estão inseridas. O monitoramento de longo prazo, a partir dos dados levantados na expedição, possibilitará uma melhor compreensão de como está o restabelecimento do ambiente e do equilíbrio ecológico da reserva a curto, médio e longo prazos. Além disso, os resultados auxiliarão no refinamento das estratégias de prevenção e combate ao fogo no Tombador.

Sobre a Fundação Grupo Boticário

A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente.

Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.