26 de abril de 2024
Campo Grande 31ºC

Execução

Família acusa PM de execução e caso é investigado em Dourados

Policiais afirmam que vítima reagiu a abordagem; família contesta

A- A+

A família de Igor Quintana de Freitas, de 19 anos, contesta a informação da Polícia Militar de que ele teria reagido a uma abordagem policial que o levou à morte, na madrugada de sábado (16). O jovem foi atingido por vários tiros, na casa onde morava, no Jardim Água Boa, em Dourados. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas chegou ao local morto.

Policiais militares afirmam que Igor reagiu com tiros a uma abordagem policial na casa dele. A esposa do jovem afirma que ele foi executado pelos militares na varanda de casa e que sequer tocou na arma que tinha guardada.

De acordo com a esposa de Igor, uma jovem de 18 anos, que pediu para não ser identificada, ela e o marido estavam em casa, quando os policiais do Grupo Especializado Tático de Motos (Getam) chegaram batendo na porta, ordenando que os moradores abrissem. “O Igor pediu para eles esperarem eu me vestir, então só foi o tempo deu colocar uma roupa, que ele abriu a porta. Os policiais ,então, puxaram ele para a varanda e me mandaram ficar na cama. Eu só ouvi dois tiros. Depois disso eles não me deixaram levantar até que chegou outro camburão da PM e uma policial me revistou”, conta.

A dona de casa diz que foi levada para delegacia sem saber o que havia acontecido com o marido. Neste meio tempo, narra boletim de ocorrência que Igor foi levado a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Dourados, mas morreu antes mesmo de chegar ao local.

“Eu só fiquei sabendo que ele tinha morrido na delegacia, quando o delegado me chamou para prestar depoimento. Antes disso, não me disseram nada”, afirma.

A jovem reclama que não foi realizada perícia no local do crime e que arma que os policiais atribuíram ao marido não era a mesma que ele guardava em casa. “Essa arma calibre 32 que estão falando não era dele. A arma dele era uma 38, que ele guardava em cima do guarda-roupas. Ele guardava porque costumava caçar com o tio dele. Eu não sei porque fizeram isso, até agora não entendi. O que quero é que seja investigado, porque nenhuma versão divulgada até agora é a versão verdadeira. Eles executaram meu marido e eu quero que paguem”, diz a jovem.

INVESTIGAÇÃO

Questionado sobre o caso, o delegado Jose Carlos Almussa Junior, adjunto no 1º distrito policial de Dourados, diz que a versão que consta em boletim de ocorrência é que a PM estava investigando um homicídio, ocorrido horas antes da morte de Igor , quando recebeu a informação de que supostos autores do crime estariam nas imediações da casa do rapaz. 

“A polícia recebeu informações de que um carro de cor clara estaria envolvido do homicídio e se deslocou até o local para averiguar. Lá , houve a abordagem, e Igor teria realizado um disparo de arma de fogo contra a equipe policial, que refutou os tiros”, conta  Almussa Junior.

Consta ainda que os policiais apreenderam um revólver calibre 32, cerca de meio quilo de maconha, balança de precisão, oito pen-drives, dois aparelhos de telefone celular e um tablet, na casa de Igor.
O delegado nega que não tenha havido perícia no local do crime e diz que o caso será investigado. “A perícia foi feita pela equipe de plantão. Também é requisitado exame de corpo de delito, necroscópico. O caso foi registrado como homicídio decorrente de oposição e intervenção policial,  tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo. Todos os envolvidos serão ouvidos, tanto os policiais, quanto a testemunha”, diz.

 
Segundo a família, Igor era usuário de drogas, mas trabalhava há algum tempo numa marmoraria. Eles negam o envolvimento do rapaz com o crime. 

No entanto, conforme apurado pela reportagem, o rapaz já teria cumprido medidas socioeducativas na adolescência. Além disso, no ano passado ele foi detido por um equipe do Grupo Especializado Tático de Motos (Getam), depois de fugir de uma abordagem policial.