26 de abril de 2024
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Fotógrafo amador há 54 anos, Radi passou mais da metade da vida eternizando memórias

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Das quatro paixões do médico Radi Jafar, a fotografia ocupa a terceira posição, atrás da família, da Medicina e antes do time do coração, o Flamengo. Um dos primeiros cirurgiões vasculares da Capital, Radi tem 80 anos, é campo-grandense, estudou no Rio de Janeiro e foi no segundo ano da faculdade que começou a fotografar. Fotógrafo amador, como ele mesmo se define, há 54 anos, Radi passou mais da metade da vida enxergando além e transformando as cenas ao seu redor em belos registros.

“Minha primeira câmera foi a Giroflex, quadrada, fotos 6x6”, recorda. A segunda, ele tem até hoje, uma Olympus Pen EES2. Porém, foi a terceira, na foto acima, estampando a reportagem, a mais importante também para a profissão. Adquirida em 1972, a Nikon F custou ao médico 10 meses de plantão no pronto-socorro da Santa Casa. O dinheiro que entrava era repassado direto a quem lhe vendeu a câmera. E foi essa Nikon que deu fama de fotógrafo ao médico e professor da então Universidade Estadual do Mato Grosso e também registrou o nascimento dos três filhos dele, na década de 1970.

“Era a melhor câmera que existia. Na época da Guerra do Vietnã, todos os repórteres usavam essa”. Como médico, ele fotografava os casos que chegavam ao hospital, para depois repassar nas aulas, pelo projetor de slide. “Paciente baleado, eu fotografava na hora e também durante a cirurgia, mostrava o estrago que a bala fez na artéria, nas veias. A turma ficava encantada com aquilo”, conta o professor. 

A inspiração vem de casa, a família. Na foto, a netinha Alice. 

Radi aprendeu a fotografar sozinho, lendo. “Fotografia é jeito, você precisa aprender com velocidade e abertura”, resume. A inspiração vem de casa: a família. Da esposa, Dorivam, ele tem fotos desde o começo do namoro. O mesmo tempo que os dois têm de história, o médico tem de relação com a fotografia. Hoje, nas redes sociais, são as fotos em preto e branco do passado e as coloridas do presente que ele compartilha com os amigos. “Fotografia é você perpetuar uma imagem, que depois de 20, 30 anos que você a vê, ela te enche de emoção”.

Quando surgiram as câmeras digitais, Radi diz ter duvidado, mas foi surpreendido e agora as analógicas dividem espaço na casa e no coração dele com quatro digitais – uma delas foi usada, recentemente, para fotografar o eclipse na madrugada de terça-feira (22). 

“Eram 2h da manhã, e eu corri lá para ver aquela lua sangrante. Aproximei o zoom e fui fazendo”. Na vida, ele calcula ter feito mais de 20 mil fotos. “São 54 anos, não é? Fotografia é paixão, é arte, é compulsão. Quando se começa, não para mais e isso é fantástico”, romantiza.

"Fotografia é paixão, é arte, é compulsão", diz Radi.