26 de abril de 2024
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SAÚDE

Pandemia aumenta catarata sem tratamento

Mais de 30% das cirurgias previstas para 2020 foram adiadas

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Os danos do coronavírus vão muito além dos pulmões. Atingem toda nossa saúde, inclusive dos olhos. Para reduzir parte deste estrago que está levando a população à morte e em alguns casos à perda da visão. Decreto permite aos hospitais de Campinas retomar a partir desta 2ª-feira (22.junho), cirurgias cardíacas, oncológicas ou de urgência. Segundo o oftalmologista do Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, a liberação prevê justificativa da urgência no prontuário médico, visando continuar dando apoio às vítimas de covid-19 na cidade.

CRESCIMENTO

O oftalmologista afirma que de todas as doenças oculares, a catarata é a que mais cresce no país. Isso porque, embora seja multifatorial, tem como maior causa o envelhecimento que opacifica nosso cristalino, lente interna do olho. No Brasil, o envelhecimento acelerado da população faz com que responda por 49% dos casos de perda da visão, bem acima da média global de 35%, apontada por levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde). O pior, afirma é que a interrupção das cirurgias desde final de março para combater a pandemia fez com que pelo menos 30% das cirurgias previstas para 2020 fossem adiadas. Os principais sinais de catarata elencados pelo médico são: troca frequente dos óculos, perda da visão de contraste, ofuscamento no trânsito e em locais ensolarados, necessidade de mais luz para ler

URGÊNCIAS

“Queiroz Neto afirma que em alguns casos operar a catarata configura uma urgência. Isso acontece quando o paciente tem alta miopia que pode levar a alterações no fundo do olho e predispor ao descolamento da retina. “Outro grupo é formado por pessoas que desenvolvem a catarata associada ao glaucoma secundário causado por diabetes, hipertensão, uso prolongado de colírios com corticoide ou um trauma que eleva a pressão intraocular sem dar sinais. Por isso, nestas condições clínicas quanto antes for realizada a cirurgia, maior a chance de preservar a visão”, salientou. 

OUTROS RISCOS

O oftalmologista destaca que a saúde ocular tem reflexos em todo nosso organismo. Prorrogar a cirurgia torna o procedimento mais perigoso porque o cristalino fica muito rígido e dificulta a extração. Por outro lado, comenta, o amarelamento da lente natural do olho pela catarata, desregula nosso relógio biológico. Isso porque, diminui a produção do hormônio indutor do sono, a melatonina. E a produção pelas células ganglionares da retina de melanopsina, um pigmento que regula nosso "relógio biológico".  Resultado: “Perdemos o sono e ganhamos outros problemas de saúde: doenças cardiovasculares. Hipertensão, diabetes, sobrepeso, colesterol alto e depressão”, comentou.

Na mulher a insônia é ainda mais frequente do que no homem. Isso porque, o cristalino tem receptores dos estrogênios e a redução destes hormônios na menopausa diminui a produção da melanopsina pelas células da retina”, afirma. Por isso, a dificuldade para realizar tarefas cotidianas indicar quando a operação deve ser agendada

SEGURANÇA

Queiroz Neto ressalta que por ser especializado em Oftalmologia o ambiente do hospital é mais seguro que o de instituições abertas ao atendimento de pacientes com sintomas de covid-19.  Ainda assim segue as regras preconizadas pela OMS:

·         Agendamento de exames em intervalos que evitam aglomeração na sala de espera

·         Colocação de álcool gel em vários pontos do hospital

·         Atendimento com equipe reduzida

·         Desinfecção dos equipamentos a cada exame

·         Uso de máscara e protetor facial durante o atendimento

·         Esterilização completa da sala cirúrgica para realizar procedimentos que não podem ser adiados.

·         Equipe cirúrgica paramentada com touca, óculos de proteção máscara cirúrgica, avental, luva e sapatilha

·         Tomada de temperatura do paciente antes de entrar para a cirurgia

·         Entrega ao paciente de todos os equipamentos de proteção individual antes da cirurgia