25 de abril de 2024
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NACIONAL | NATAL (RN)

Século 21: professora é impedida de entrar em prédio da Educação por estar de vestido

Educadora foi submetida a situação machista protagonizada por 2 servidores

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A professora Tânia Maruska Petersen, de 51 anos, foi submetida a situação machista na Secretaria Municipal de Educação (SME) de Natal (RN), em 11 de novembro de 2021.

Segundo apurado, educadora dá aulas na Escola Municipal Zuleide Fernandes, onde é presidente do Conselho Escolar, e estava indo na SME fazer uma prestação de conta. Ela também é do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas).

Ao chegar no prédio, porém, a professora que estava com um vestido na cor verde na altura dos joelhos não pode acessar o prédio, impedida por um guarda que justificou que ela não estava com “roupas adequadas”. 

Antes de passar pelo “crivo” o um guarda chamado Sr. Josias, fez que a professora esperasse por 20 minutos, até que Josias a abordou na frente de todas as pessoas que estavam na recepção e negou o acesso ao local, alegando irregularidades na vestimenta da professora, olhando Tânia de cima a baixo, criminalizando sua roupa e dizendo que estava inadequada, citando uma a existência de uma portaria, segundo a professora, que questionou quais os critérios da inadequação.

O chefe de Patrimônio teria dito então que Tânia é uma educadora e que a roupa não era adequada para profissional da área de educação e que não poderia entrar no prédio.  “Ele se alterou porque eu questionei. E eu achei aquilo surreal e disse que já tinha ido com aquela mesma roupa para uma audiência com um juiz, também ao Ministério Público, e nunca foi questionada ou barrada. E ele duvidou. Foi extremamente constrangedor”, desabafou a educadora.

Tânia relatou que Josias ainda ligou para a diretora do setor que ela iria para checar se era realmente verdade. Depois, como em um ato de benevolência, permitiu-se “ao favor” de chamar o servidor do setor para que ela assinasse os três calhamaços de documentos na portaria mesmo, em pé.

Indignada e abalada, a professora pediu para o marido ir buscá-la, e foi esperá-lo na calçada, no que foi seguida pelo rapaz. “Eu fiquei muito nervosa, extremamente humilhada, constrangida. Eu até agora estou sem acreditar que em pleno século 21, depois de tantas conquistas das mulheres, você ser julgada e criminalizada pela roupa que está usando. Nós vivemos numa sociedade patriarcal, machista, misógina. Eu queria saber se fosse um homem ele teria feito o que fez comigo”, externou. 

MANIFESTAÇÃO 

Ato em frente à Secretaria Municipal de Educação (SME) em protesto contra o machismo e em apoio à educadora Tânia Maruska Petersen. Foto: Lenilton Lima. Ato em frente à Secretaria Municipal de Educação (SME) em protesto contra o machismo e em apoio à educadora Tânia Maruska Petersen. Foto: Lenilton Lima. 

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte-RN) classificou a situação com absurdo, inaceitável e lamentável. "O Sindicato se solidariza com a professora e se compromete a lutar contra o machismo onde quer que ele esteja", disse. Sidicalistas da educação foram à frente da SME de Natal nesta terça (16.nov.21) onde gritaram contra o machismo.  

A professora deu entrevista durante o ato. Veja abaixo: