26 de abril de 2024
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Tumor

Técnica israelita congela e retira tumor sem cortes

Prática poderá impedir o paciente de se submeter a quimioterapia

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Técnica israelita que possibilita a retirada de pequenos tumores de mama por meio de agulha já é realidade no Brasil. Trata-se da crioablação guiada por imagem, uma técnica que consiste na introdução de um crioprobe (um tipo de agulha) no interior do tumor, onde são injetados gases nobres: o argônio, para congelar; e o hélio, para descongelar. Agulha fina congela o tecido lesionado e impede que o saudável seja atingido, a prática poderá impedir o paciente de se submeter a mastectomia e a quimioterapia.

“Com a orientação de imagens, como a tomografia, podemos introduzir e guiar a agulha precisamente dentro do corpo até o ponto central do tumor e fazer circular um gás que forma uma ‘bola’ de gelo com temperaturas de até -140 oC”, explica o dr. Marcos Menezes, radiologista intervencionista e coordenador do Centro de Intervenção Guiado por Imagem do Hospital Sírio-Libanês. “A essa temperatura, destruímos de forma localizada todas as células tumorais”, acrescenta.

Em uso no Brasil desde 2007, a crioablação é indicada principalmente para pequenos tumores renais, onde o efeito desse congelamento tem-se mostrado tão eficaz como a cirurgia. “Os tumores nos rins são os que respondem melhor a esse tratamento porque geralmente conseguimos diagnosticá-los em estágios iniciais e com tamanhos inferiores a 4 cm, conseguindo assim a cura”, ressalta Menezes.

O médico ortopedista Renê Ramos dos Santos, de 62 anos de idade, se beneficiou dessa técnica. Ele teve que extrair um rim por conta de um tumor maligno e dez anos depois descobriu estar com tumor no outro rim. No entanto, dessa vez conseguiu fazer o tratamento com crioablação. “Fui internado em um dia e recebi alta no outro”, conta. “A cirurgia foi muito rápida e os resultados, excelentes. Não tem nem comparação com a técnica convencional”, acrescenta o paciente.

Embora seja mais indicada para pequenos tumores renais, a crioablação pode ser utilizada também para alguns tipos de tumores nos pulmões e nos ossos, como é o caso da psicóloga Nádia Bechara Lacerda, de 64 anos de idade.

Nádia foi diagnosticada com um tumor no osso esterno, situado na parte anterior do tórax (entre o coração e os pulmões), em decorrência de uma metástase de um câncer de mama. Na ocasião, ela foi tratada com radioterapia, mas em 2014 o tumor reapareceu. Por ser pequeno, foi possível usar a crioablação.

“Estou certa que foi a melhor opção para meu caso. Recebi alta rapidamente e não tive nenhum incômodo depois do procedimento”, conta a psicóloga. “Sei que na cirurgia convencional o tempo de recuperação pode ser longo. Isso influencia muito em nossa qualidade de vida”, acrescenta.

SEM CORTES

Por ser um procedimento de congelamento do tumor, a crioablação não exige cortes no paciente. Isso representa menor risco de complicações e morbidade em comparação à cirurgia convencional. O tratamento dura entre duas e três horas, e o paciente recebe alta hospitalar no dia seguinte.

A crioablação pode ser usada também em pacientes com câncer associado a outras doenças, como a síndrome de von Hippel-Lindau e a esclerose tuberosa. Ela é uma ótima opção ainda para o tratamento dos seguintes tipos de pacientes:

Com rim único, cujo comprometimento funcional requer a máxima preservação de tecido viável.
Com comorbidades clínicas que inviabilizem o procedimento cirúrgico.
Com predisposição ao desenvolvimento de múltiplos tumores renais.
Com restrições psicológicas a cirurgias invasivas.
Que se recusam a receber o tratamento cirúrgico convencional.
Embora sejam raros, os efeitos secundários da crioablação incluem sangramento, infecção e possível dano ao tecido ao redor do local do tumor.

Além do tamanho do tumor, outro aspecto que pode influenciar no sucesso da crioablação é a experiência e a infraestrutura técnica dos diferentes centros.

O Hospital Sírio-Libanês foi pioneiro no País na criação de um centro de intervenção guiada por imagem e na realização da crioablação para o tratamento de tumores renais. O hospital conta com modernos equipamentos e equipe multiprofissional dedicada para a realização de diversos procedimentos minimamente invasivos guiados por imagem.

 
De 2010 a 2015, de acordo com informações do Hospital Sírio Libanês, mais de duzentos pacientes foram submetidos à crioablação para tumores renais no hospital. 

*Informações são do site www.siriolibanes.org.br