25 de abril de 2024
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412 VÍTIMAS

Técnicos em enfermagem são 2º no ranking de profissões que mais acidentam em MS

'Falta de EPIs e condições de trabalho com baixas remunerações são agravantes', dizem líderes sindicais

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Em 2019 foram contabilizados 412 acidentes de trabalhos envolvendo técnicos em enfermagem, a categoria acidenta, por falta de Equipamentos de Proteção Individual adequado. Estão no 2º lugar do Ranking das profissões que mais fizeram vítimas anos passado, de acordo com dados da Comunicação de Acidente de Trabalho (CONCAT) da Previdência Social a ocupação ficou atrás apenas dos alimentadores de linha de produção, que registraram 544 acidentes em 2019.

A preocupação se atenua ainda mais em tempos de pandemia. O Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems) explicou que o alto número de acidentes está diretamente relacionado ao esgotamento físico dos profissionais e à baixa remuneração. “Para manter um ganho mensal satisfatório, eles acumulam dois ou três empregos, sendo que a jornada por si só já é bastante exaustiva, tendo em vista o excesso de trabalho e o volume de pacientes nos hospitais”, afirmou o diretor financeiro do sindicato, Sebastian Rojas. 

Para proteger quem está na linha de frente do combate ao novo coronavírus e diante da dificuldade em encontrar máscaras no mercado, a Justiça do Trabalho está revertendo recursos de indenizações trabalhistas para a compra de EPIs para os profissionais de saúde dos hospitais públicos de Mato Grosso do Sul.

Foram entregue nessa semana a primeira parte dos materiais comprados com recursos repassados pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional (Getrin-24) formado por diversas instituições, entre elas o Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região. O TRT de MS diz ter revertido cerca de R$ 35 mil para o Siems comprar EPIs. Os equipamentos de proteção serão doados para instituições que enviaram o plano de contingência ao sindicato e vai atender os municípios de Paranaíba, Corumbá, Aquidauana, Jardim, Maracaju, Amambai, Caarapó e Itaquiraí.

Segundo informou o Seims, foram compradas 400 máscaras PFF2, 100 protetores faciais, 150 óculos e material para confecção de avental e de máscaras do tipo cirúrgicas, uma vez que não encontraram mais máscaras prontas para a compra. O Sindicato ainda diz aguardar a chegada de mais materiais como tecido TNT com gramatura acima de 80 para confecção dos EPIs.

A vice-presidente do Siems, Helena Delgado, disse que a medida visa atender em caráter emergencial a categoria que está na linha de frente no combate à COVID-19. “Em articulação com o Getrin-24, avaliamos que auxiliar a categoria da enfermagem é prevenir não apenas os profissionais, mas toda a sociedade que conta com o atendimento desses trabalhadores”, explicou.

A grande maioria dos acidentes que ocorrem com os profissionais é por perfuro cortantes, devido ao cansaço, redução da atenção e acúmulo de sono. Doenças ocupacionais na esfera psiquiátrica, como depressão, estresse e síndrome de Burnout, também são agravantes, explicou o diretor financeiro Siems.